66,6% do alinhamento do Palco Vodafone nesta 7ª edição do Rock In Rio Lisboa foi reservado para bandas portuguesas, ou seja, duas em cada três, em cada um dos cinco dias do festival. O principal critério foi a aposta da organização na nova música portuguesa, na qual a curadoria da Vodafone FM teve uma importância determinante.

Esta sexta-feira dia 20, o dia abre com os Pista, banda do Barreiro especializada em pôr toda a gente aos saltos. Nascidos em Londres, onde viviam Cláudio Fernandes e Bruno Afonso, o agora trio (com Ernesto Vitali) incorpora no indie rock os ritmos africanos, é especialista em fazer (bom) barulho com as guitarras, pouco usa a voz e não é preciso, com se pode ouvir no álbum de estreia Bamboleio (2015), o nome dá o mote, ninguém vai ao engano. Um bom exemplo é este single, gravado e misturado por Luís Nunes (Benjamim) e masterizado por Bruno Cardoso (Xinobi). Só boas companhias.

Seguem-se os Sensible Soccers, às seis da tarde. Eles são atualmente um trio de Vila do Conde e São João da Madeira, que desmonta uma certa mania ainda instalada de que a música “boa” é coisa que nasce nas cidades grandes e, com frequência, noutro país. Mas o mundo está cada vez mais pequeno, tudo o que é eletrónica continua a acelerar e estes jogadores seguem na rede à mesma velocidade.

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São uma banda de música instrumental que mistura o som eletrónico com as guitarras, para criar uma atmosfera densa e psicadélica que entra bem no ouvido e que, quando agarra, o faz com força. Tanto assim é que que foi um dos seus temas, “Twin Turbo” (2011), a banda sonora escolhida para o vídeo promocional que assinalou a bota de ouro que Cristiano Ronaldo levou para casa em 2013. Pegou, e bem.

Desde aí já publicaram dois álbuns, o último chama-se Villa Soledade (2016) e continua a fazer prova que a música que fazem é boa em qualquer parte do mundo, que podia ter nascido na maior das metrópoles mas, sorte a nossa, foi cá. A não perder.

A musica psicadélica segue ao pôr-do-sol do segundo dia do Rock In Rio Lisboa 2016, também em português mas desta vez com sotaque: os brasileiros Boogarins. Já não é a primeira vez que o quarteto de Goiânia atua em Portugal, mas a quantidade de atenção (e “estrelas”) que têm recebido da crítica internacional fazem com que mereçam o protagonismo de banda principal no Palco Vodafone. Cresceram ao som d’Os Mutantes, de Caetano Veloso e do movimento tropicalista dos anos 1960, um caldeirão entretanto afinado com os rigores técnicos da produção atual, um talento já reconhecido que os levou a partilhar o palco com Andrew Bird, recentemente, numa digressão pelos EUA.

Espera-se para esta sexta-feira uma atuação dispersa pelos dois álbuns de estúdio, Manual (2015) e As Plantas que Curam (2013), um disco de produção própria com um título maravilhoso que ilustra o modo como encaram a música. Lá estaremos, por certo com muita gente distraída que vai ser apanhada na rede de um som de inspiração surfista e retro. Assim se fazem estes novos ritmos do Brasil.