Podíamos ter uma imagem romântica de que os idosos têm mais tempo para apanhar sol e que portanto não teriam falta de vitamina D. Mas não é bem assim. Cerca de 90% dos idosos (com mais de 65 anos) têm carência nesta vitamina, segundo os resultados preliminares do projeto Nutrition UP 65. Os resultados foram apresentados esta sexta-feira por Teresa Amaral, coordenadora do projeto, no Congresso de Nutrição e Alimentação, que decorreu no Porto.
Os idosos parecem apanhar pouco sol e não ter uma alimentação que lhes permita compensar a escassez da vitamina D. Muitos ficarão em casa, com um vida sedentária e com uma dieta que não cumpre os padrões de uma alimentação saudável, o que também justifica os mais de 80% de idosos obesos ou com excesso de peso nos resultados apurados até ao momento.
Os resultados são ainda preliminares, como frisou a docente da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto. Têm menos de mil indivíduos dos 1.500 previstos no projeto (uma amostra que pretende ser representativa da população portuguesa). Ainda assim, os resultados, aos quais faltam sobretudo os dados da população da Madeira, foram inesperados, conforme disse a nutricionista no congresso.
A carência da vitamina D pode ser resolvida com a exposição solar moderada, fora dos períodos em que a radiação ultravioleta é mais prejudicial, ou com suplementos alimentares, como o óleo de fígado de bacalhau. Mas esta não é a única preocupação demonstrada pela investigadora. Outro dos fatores é que 99,1% da população estudada tem um consumo de sódio (presente no sal de cozinha) desadequado. A isso juntam-se os resultados inesperados de desidratação de quase um terço dos idosos (31,9%).
A falta de profissionais especializados na nutrição geriátrica foi uma das motivações do projeto Nutrition UP 65 – Estratégias Nutricionais para uma Demografia Envelhecida. Os objetivos principais do projeto são identificar as desigualdades nutricionais na população idosa portuguesa (acima dos 65 anos) e formar os profissionais de saúde para lidarem com estas situações.
O projeto teve início em abril de 2015 e terá uma duração de dois anos. Foi financiado pela Islândia, Liechtenstein e Noruega através dos EEA Grants, no âmbito do programa Iniciativas em Saúde Pública. O financiamento total do projeto é de 519 mil euros.
O Observador esteve presente no Congresso de Nutrição e Alimentação a convite da Associação Portuguesa dos Nutricionistas e Comissão Científica do Congresso.