A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, esta quinta-feira, o fim do surto de ébola na Libéria. Durante os próximos 90 dias, o país estará sob vigilância apertada para assegurar que qualquer novo caso é identificado e contido rapidamente, antes de se poder espalhar a outras pessoas, refere o comunicado da organização.

O aguardado anúncio é feito 42 dias depois do último caso de ébola no país, por ser o dobro do período máximo de incubação do vírus, um caso que se mostrou negativo no segundo teste efetuado.

A primeira vez que a Libéria declarou o fim da transmissão de ébola entre humanos aconteceu a 9 de maio de 2015 e, desde então, fez o mesmo anúncio mais duas vezes. Em todos os casos, houve um reaparecimento de casos de infeção. A Serra Leoa declarou o fim do surto a 17 de março deste ano e a Guiné a 1 de junho. Contudo, a OMS alerta que a vigilância tem de manter-se porque o vírus pode manter-se vivo nos fluidos dos sobreviventes, como o sémen, durante muito tempo.

Um estudo publicado em outubro de 2015 mostrou que o vírus se pode manter no sémen durante nove meses e ser uma fonte de contágio. A recomendação para os sobreviventes masculinos é para que se abstenham de ter relações sexuais ou que usem preservativos até terem dois resultados negativos para a presença de ébola no sémen.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

animated-map-med-january-2016_EBOLA

Evolução do número de casos e da resposta da Organização Mundial de Saúde desde o início de janeiro de 2014 (para recomeçar a animação, reiniciar a página) – OMS

Os primeiros dois casos de ébola na Libéria foram confirmados no dia 30 de março de 2014, refere a OMS. A 7 de abril do mesmo ano, já tinham sido identificados 21 casos, que resultaram em 10 mortos, incluindo três profissionais de saúde. A situação parecia controlada: no final de junho, a Libéria só tinha 51 casos confirmados, enquanto a Guiné (onde tinha começado o surto em dezembro de 2013) tinha 390 casos e a Serra Leoa (o outro país afetado) 158.

Mas antes de setembro chegar ao fim foi possível perceber que algo não estava a correr bem. A 8 de setembro, o país tinha quase dois mil casos, com mais de mil mortos. No final do mês, a Libéria era, dos três, o país com o maior número de profissionais infetados com o vírus – quase 200. O hospital de referência em Monrovia tinha sido muito danificado durante a guerra civil, nenhum hospital no país tinha uma ala de isolamento, poucos médicos tinham sido treinados para lidar com prevenção e controlo de doenças infecciosas e as instalações de saúde tinham poucos ou nenhuns equipamentos de proteção. Nem mesmo luvas, segundo a OMS.

O último relatório sobre o ébola, de 2 de junho de 2016, refere que o número total de casos confirmados, prováveis e suspeitos na Guiné, Libéria e Serra Leoa, ascendeu aos 28.616. Destes, 11.310 resultaram em morte. Ainda assim, mais de 10 mil pessoas sobreviveram à infeção.