Se as bolachas e os cereais têm um lugar reservado na sua despensa, é (muito) provável que os alimentos processados e os açúcares refinados façam as delícias dos seus filhos. A cozinha de Leonor Cício era igual até ser mãe pela primeira vez e substituir as caixas por frascos de sementes, algas e pastas. “Como mãe, queria dar o melhor à minha bebé”, começa por contar ao Observador. Numa breve visita ao pediatra, descobriu que a nutrição nos primeiros anos de vida é fundamental para programar a saúde futura do bebé, otimizar o desenvolvimento da criança e para esta adquirir hábitos alimentares saudáveis.

Seis meses depois, quando a filha deixou a exclusividade do leite, Leonor aboliu o açúcar refinado e introduziu ingredientes orgânicos. “Sempre achei a alimentação infantil muito redutora. Quão cansativo deve ser para um bebé comer a mesma papa durante meses?”, pergunta. “Por isso, falei com a minha pediatra e comecei a fazer as coisas um bocadinho diferentes.” Isso passou por educar o paladar da mais pequena através de novas combinações de ingredientes em sopas e purés caseiros e em misturas de alimentos que, por norma, as crianças não gostam.

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Leonor Cício vive no Porto e é formada em arquitetura, área em que trabalhou até ao nascimento da sua primeira filha. (foto: Fábio Pinto/Observador)

Entretanto veio uma segunda filha e, quando deu por ela, Leonor estava a partilhar pratos saudáveis, dicas e histórias no blogue Na Cadeira da Papa, até reunir algumas receitas sem glúten, sem lactose e sem açúcar para bebés e crianças a partir dos seis meses no livro Mãe, Quero Mais!. Ao todo há mais de 50 lanches, sopas, pratos principais e sobremesas (onde não entra açúcar ou manteiga) aprovadas pelas duas filhas exigentes de Leonor. “Por exemplo, a minha filha mais velha tem quatro anos, não gosta de alimentos processados e exige palitos de cenoura para o lanche”, conta a autora.

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Ao longo dos últimos 50 anos, perdemos o hábito de basear a nossa dieta nos legumes, leguminosas e cereais, fortemente motivados pela massificação de produção de carnes, peixes e derivados. Hoje em dia, deparamo-nos com uma epidemia de doenças derivadas da alimentação, por causa desta mudança de hábito. Quero que as minhas filhas aprendam que um prato integralmente vegetal é tão ou mais rico nutricionalmente que um prato com derivados animais.”

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O livro foi publicado pela Matéria-Prima edições e custa 18€.

Quero educar o paladar do meu filho. E agora?

Esta é uma das perguntas que a autora ouve com mais frequência. “Nunca é cedo ou tarde demais para educar o paladar de uma criança”, defende Leonor Cício. “Os hábitos alimentares saudáveis devem começar na barriga da mãe e nos primeiros quatro/cinco anos de vida é quando eles criam bases para seguir um estilo de vida mais saudável.”

Em primeiro lugar, a mãe recomenda que não compre alimentos processados. “Se não comprar, a criança não vai comer. Depois, leve os seus filhos consigo ao supermercado e deixe-os escolher os legumes que querem pôr na sopa para os envolver no processo de confeção. Acredite que vão achar que é a melhor sopa do mundo”, acrescenta a autora. Outra boa dica passa por deixar à vista das crianças (quer nas prateleiras, quer no frigorífico) apenas alimentos saudáveis e muita água. “Assim, se a fome apertar têm sempre bons snacks à mão”.

Escolha uma das cinco receitas saudáveis em fotogaleria e comprove. Há um puré vegetariano de couve-flor e feijão-verde, cuscuz com gema de ovo, gomas de morango e gelado de chocolate e queques de amêndoa e aveia ao vapor que vão deixar qualquer bolacha de pacote envergonhada.