Jorge Costa, dirigente do Bloco de Esquerda — em entrevista ao Observador — diz ser ” curiosa a atenção que de repente se gerou em relação à questão do referendo [europeu]”. O deputado bloquista recorda que o BE sempre se bateu por referendos aos tratados europeus, inclusive quando foi assinado o Tratado de Lisboa durante um dos Governos de José Sócrates. Neste momento, não defende a realização de atos referendários imediatos: “Agora, o debate que interessa fazer no dia seguinte ao Brexit é para onde vai a Europa, que futuro podermos ter neste contexto, e que alternativas podemos ter e preparar.”

Para o bloquista, que vai amanhã encerrar as intervenções pela moção A, da liderança, a prioridade é renegociar a dívida. “Quando Portugal se encontra subjugado a um regime de extorsão pelo juro, temos de perguntar se é no quadro desta ditadura da dívida que queremos continuar a viver”, afirma.

Sempre defendemos que devia ser referendado cada novo tratado de liberalização, de desregulamentação e de concentração de poder na Europa. Qualquer passo que o povo português queira dar para alterar a sua visão da Europa ou pertença institucional, terá de ser referendado.
Mas o centro do debate hoje, mais do que fazer um referendo – essa é agenda de outros – é o de sempre. É preciso renegociar a dívida e aproveitar a crise para recolocar com mais força nas instituições a renegociação dos países periféricos. Mas é com ceticismo que vemos esse processo.”

Segundo Jorge Costa, o discurso de Catarina Martins “marcou bem as diferenças para o Governo”, ao recordar as medidas que foram tomadas e as que vão avançar, como “o fim da humilhação dos desempregados” que têm de se apresentar quinzenalmente. Sobre a coordenadora do Bloco parecer estar a falar como se fosse a primeira-ministra, o deputado disse que “se o Bloco liderasse a coligação outro galo cantaria em Portugal.” Tudo seria diferente: “O Bloco não lidera o Governo. O Governo é do PS e isso nota-se no que é possível conseguir e nas limitações e na timidez das políticas seguidas, que o BE vem discutindo no Parlamento”.

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