Cerca de 1.000 pessoas foram ao Centro Nacional de Râguebi agradecer à seleção portuguesa de futebol a presença na final do Euro 2016 e pedir uma vitória sobre a França para poderem ‘invadir’ os Campos Elísios, em Paris.

Horas depois de ter garantido um lugar no jogo decisivo da competição, com um triunfo sobre o País de Gales (2-0), Portugal abriu as portas do treino, para júbilo das centenas de emigrantes e lusodescendentes em Marcoussis, que desde 9 de junho têm sido fiéis e incansáveis no apoio à equipa de Fernando Santos.

“Ainda nem almocei. Já tinha estado aqui à porta umas três vezes, mas nunca consegui ver os jogadores. Estava em casa e ouvi dizer que se podia entrar. Chamei a minha esposa e viemos para aqui ver os jogadores”, disse José Manuel Santos à agência Lusa, que vive nos arredores de Paris há 38 anos.

Na cabeça deste emigrante está agora uma vitória sobre a França na final em Saint-Denis, para finalmente poder tirar a ‘espinha’ que lhe “está atravessada na garganta” há mais de uma década.

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“A minha vida tem corrido mais ou menos, mas para correr verdadeiramente bem temos que ganhar à França na final. Já tivemos meias-finais perdidas com eles, algumas delas injustas. Era a cereja no topo do bolo”, confessou José, que vestia “orgulhosamente” a camisola da seleção nacional.

“Acredito que Portugal pode ganhar. França não está a jogar muito bem”, acrescentou.

Para Maria Helena, que há mais de três décadas deixou Viseu para fazer a sua vida em terras gaulesas, também quer uma final entre Portugal e França, para voltar a fazer a festa nos Campos Elísios, desta vez ainda “mais forte” do que na última noite.

“A seleção foi muito criticada aqui em França, mas estamos com eles. Vai ser especial. Estamos em França a ganhar a nossa vida. Somos muitos portugueses aqui em França, mas gostamos no nosso país que é Portugal. Fizemos uma grande festa ontem em Paris. Falta uma festa e essa vai ser mesmo forte”, referiu à Lusa esta adepta de Nani.

Já Maurício Martins, que é um “orgulhoso emigrante português”, a viver há 24 anos em Paris, prefere que Portugal encontre a Alemanha na final, sobretudo para depois não ter de sofrer com as “traquinices” dos franceses.

“Sei que ver Portugal numa final em França é algo que nunca mais vai acontecer na minha vida. Eu trabalho só com franceses e eles são muito traquinas connosco. Se ganharmos, vou ter quase de me esconder quando for trabalhar. São boas pessoas, mas estão sempre a criticar os portugueses e a nossa seleção”, disse à Lusa.

Depois do jogo de Lyon, a comitiva lusa chegou a Marcoussis já passava das 3:00 da madrugada (2:00 de Lisboa) e foi recebida à porta do Centro Nacional de Râguebi por cerca de 300 adeptos, que gritaram, e muito, a festejar o apuramento para a final.

Portugal descobre hoje quem vai defrontar na final de domingo, com a anfitriã França e a campeã mundial Alemanha a encontrarem-se em Marselha, num duelo que tem início às 21:00 (20:00).

A seleção portuguesa vai pela segunda vez disputar uma final de um Campeonato da Europa, repetindo o feito do Euro2004. Na altura, no Estádio da Luz, em Lisboa, Portugal foi derrotado pela Grécia (1-0).