O Ministério da Administração interna vai abrir um inquérito para apurar o que aconteceu no controlo e combate ao incêndio em São Pedro do Sul. Esta localidade no distrito de Viseu foi atingida pelo fogo que começou há uma semana no concelho vizinho de Arouca

O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro a partir de Arouca. António Costa reconhece que este caso é uma exceção em relação a outras zonas afetadas pelos fogos na última semana. “O presidente da câmara de São Pedro do Sul colocou uma questão que felizmente não tinha sido levantada ainda até agora e a ministra da Administração Interna abriu um inquérito, tendo em vista o esclarecimento do que ocorreu com o início do combate ao incêndio em São Pedro do Sul”, disse António Costa.

Até agora, só registei uma queixa fundamentada e sustentada no caso de São Pedro do Sul”. O fogo obrigou a evacuar aldeias e foi responsável pela destruição de algumas casas. A população queixa-se da falta de resposta dos meios de combate no local e de algum descontrolo ao nível das operações.

“Tínhamos uma frente quase com 16 quilómetros e apenas cerca de 30 ou 40 voluntários para combater todo este fogo. Nunca tivemos apoio das entidades oficiais. O fogo foi progredindo e atingimos um ponto em que a situação foi catastrófica”, afirmou este sábado, Vítor Figueiredo, presidente da Câmara de S. Pedro do Sul.

Houve registo de um ferido grave, um sapador florestal, que foi apanhado no combate na serra da Arada. Este incêndio foi declarado em rescaldo já esta segunda-feira.

António Costa salienta que o país viveu uma “situação extraordinária” de grande concertação de incêndios, sobretudo nos distritos de Aveiro e Viana do Castelo. A simultaneidade de ocorrências a nível nacional “deixou o dispositivo no limite dos limites da sua capacidade de resposta”, mas acrescenta que até agora, só teve conhecimento de uma situação que necessita de ser investigada, a de S. Pedro do Sul.

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O primeiro-ministro, que esta tarde vai ao distrito de Viana do Castelo — onde o fogo voltou ao Parque Peneda Gerês — admite que todos gostariam que tivesse “havido mais meios e mais cedo”, mas considerou ainda que, de uma maneira geral, houve uma resposta coordenada, com a exceção do caso de São Pedro do Sul.

António Costa frisou que a prioridade agora é “repor a economia destes concelhos a funcionar e em particular dos agricultores” e pensar no reordenamento da floresta, de forma a prevenir que situações destas venham a ocorrer no futuro.

Para o primeiro-ministro, é preciso “reforçar os poderes dos municípios e pôr termo à liberalização da forma como têm sido feitos os plantios”, para existir uma floresta “mais ordenada, mais sustentável, certificada e que permita ser uma fonte de valorização do território, de rendimento, que contribua para o crescimento da economia e não volte a ser uma ameaça às populações, aos seus bens e à segurança”.

Para o comandante operacional nacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), a abertura de um inquérito ao combate às chamas em São Pedro do Sul, Viseu, foi uma “extraordinária decisão”, acrescentando que foi feito um excelente trabalho.

“Acho que a abertura do inquérito foi uma extraordinária decisão, porque vai permitir [mostrar] a excelência do trabalho que o combate realizou nesse incêndio”, defendeu José Manuel Moura, em declarações aos jornalistas.

Para José Manuel Moura foi feito um “extraordinário trabalho” no combate às chamas em São Pedro do Sul, um incêndio com “uma dimensão enorme”, “de uma grande complexidade”. “Esse inquérito vai relevar a excelência do trabalho que ali foi executado”, sublinhou.