“Mais de um milhão de pessoas morrem, todos os anos, em acidentes de automóveis. Estas são tragédias que a tecnologia de condução autónoma pode ajudar a resolver.” A afirmação é do responsável máximo da Uber. Mas Travis Kalanick é o primeiro a reconhecer que a sua empresa não tem capacidade, sozinha, para abraçar os desafios da condução autónoma, o que o levou a anunciar uma parceria com uma marca automóvel que tem por objectivo, até 2020, que ninguém fique gravemente ferido ou perca a vida num acidente a a bordo de um veículo novo por si produzido: a Volvo.

O acordo prevê a criação de um projecto, a ser desenvolvido conjuntamente pelas duas empresas, do qual resultem os novos modelos de base que permitirão incorporar os mais recentes desenvolvimentos alcançados em termos de tecnologias de condução autónoma, incluindo automóveis totalmente autónomos, aptos a circular, inclusive, sem condutor. Os veículos serão produzidos pela Volvo, e depois adquiridos à marca sueca pela Uber.

O futuro, segundo a marca sueca, poderá ser assim:

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O primeiro modelo resultante desta parceria terá por base a plataforma modular SPA (Scalable Product Architecture) da Volvo, já utilizada pelas mais recentes gerações dos seus modelos de topo: XC90, S90, e V90.

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Está previsto que a Uber aplique no mesmo os seus próprios sistemas de condução autónoma, o mesmo acontecendo com o fabricante sueco, ambas as empresas almejando propor, a relativamente curto prazo, a condução totalmente autónoma.

A plataforma modular SPA da Volvo, que serve de base ao novo XC90 (na imagem), servirá também o primeiro modelo resultante desta parceria

Os trabalhos de desenvolvimento serão conduzidos por engenheiros da Volvo e da Uber que, para o efeito, trabalharão em grande proximidade. Na perspectiva dos agora parceiros, esta é uma iniciativa que consiste numa significativa evolução para o negócio automóvel, por indicar o caminho que a indústria deverá evoluir, por forma a dar resposta ao advento de novas tecnologias.

Bola de cristal

Previsões e metas – é assim que se antecipa o futuro. No presente, o que se sabe, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que os acidentes rodoviários ceifam, anualmente, 1,2 milhões de vidas e provocam 50 milhões de feridos, constituindo a 9.ª principal causa de incapacidade permanente, em termos de anos.

Para 2030, a OMS estima que a sinistralidade rodoviária seja a 5.ª maior causa de morte, a nível mundial. Já a Volvo tem os olhos postos no final desta década, horizonte até ao qual definiu como objectivo que ninguém perca a vida ou seja severamente ferido num novo automóvel com o seu emblema.

Foi com esse intuito que arrancou, em 2014, o projecto Drive Me, uma parceria entre o Grupo Volvo Car, a Administração dos Transportes sueca, a Agência dos Transportes sueca, o Parque Científico de Lindholmen e a cidade de Gotemburgo, contando com o apoio do governo sueco.

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A meta passa não só por aumentar a segurança nas estradas, como também contribuir para a redução da poluição e dos congestionamentos, recorrendo à tecnologia da condução autónoma. Inovação que, estima a marca, espera poder oferecer aos seus clientes já em 2020. Com uma nuance: “a Volvo assumirá total responsabilidade sempre que um dos seus automóveis se encontrar em modo autónomo”, promete o presidente e CEO do Grupo Volvo Car, Hakan Samuelsson.

HÃ¥kan Samuelsson

Håkan Samuelsson

Para servir este propósito, a marca já deu início ao “primeiro projeto de condução automática a grande escala do mundo”. Circulam já nas vias suecas Volvo de condução automática e, até 2017, clientes reais poderão utilizar em estradas públicas 100 automóveis equipados com esta tecnologia.