“Bom dia! Ainda estamos vivas”, escreveu Bana Alabed na manhã de esta quinta-feira, o mesmo dia em que António Guterres vai ser aclamado como novo secretário-geral da ONU. Bana Alabed está à espera dele. Ela e tantos mais.
Bana acordou com as casas na sua vizinhança, em Aleppo (Síria), completamente destruídas pelos bombardeamentos desta madrugada. Tem sete anos, pede paz e uma vida de criança: “As pessoas estão a morrer como moscas, as bombas caem como moscas. Eu estou aqui a escrever para esquecer a guerra”. Dirige-se em inglês ao mundo através do Twitter. E quer soluções que em breve estarão nas mãos de Guterres no papel de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Milhares de outros sírios como a jovem Bana Alabed querem fugir da guerra. Chegam à Europa numa crise migratória nunca vista desde a II Guerra Mundial, quando foram os europeus a procurar paz no Oriente. Os que vêm enfrentam a morte no Mediterrâneo – como Aylan Kurdi, o menino de três anos encontrado sem vida numa praia turca – ou então uma fronteira intransponível. Os que ficam enfrentam a morte à porta de casa – como Omran Daqneesh, o menino de cinco anos e de olhar alheado resgatado dos escombros de um bombardeamento em Aleppo.
Aylan, Omran e agora Bana Alabed são as imagens de um conflito que esteve em discussão durante todo o processo de eleição para o secretário-geral da ONU. António Guterres pode ser o homem certo para encontrar as soluções para esta calamidade humanitária: esteve dez anos – entre junho de 2005 e dezembro de 2015 – no cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.
E as imagens desta fotogaleria representam provavelmente o maior desafio que Guterres terá de enfrentar quando estiver oficialmente à frente da ONU. Ele vai ter de acabar com elas. Ficam aqui em cima, como alerta.