O governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney, antecipou equesta sexta-feira que a inflação pode subir devido à debilidade da libra esterlina, que nas últimas semanas registou fortes quedas devido às incertezas em relação ao “Brexit”.
Num evento com organizações de solidariedade em Nottingham, norte de Inglaterra, Carney disse que a descida da moeda permitiu “um ajustamento da economia” do Reino Unido, mas que vai haver um encarecimento dos produtos de consumo, especialmente dos produtos alimentares.
Segundo o governador, a inflação vai aumentar durante “uns anos” e o Banco de Inglaterra (Boe nas siglas em inglês) “não é indiferente” a esta situação.
A inflação homóloga está em 0,6%, enquanto a moeda britânica se desvalorizou 18% face ao dólar desde que os britânicos votaram a favor do “Brexit”, a saída do Reino Unido do bloco europeu, no referendo de 23 de junho.
Contudo, esta debilidade tem ajudado o setor exportador do país e pressionou para a alta o índice geral da Bolsa de Valores de Londres (FTSE-100), que inclui as principais empresas britânicas.
Depois da consulta de junho, o banco decidiu cortar as taxas de juro para o nível histórico de 0,25% para fazer frente às consequências da esperada saída da União Europeia (UE).
Carney adiantou que o banco não pode garantir a prosperidade económica a longo prazo.
Com a queda da libra, alguns economistas estimam que a inflação pode disparar para 3% para o final do próximo ano porque o Reino Unido importa muitos alimentos.
A queda mais pronunciada da divisa do Reino Unido ocorreu depois da denominada ‘quarta-feira negra’, em 16 de setembro de 1992, quando desceu 19% depois do governo conservador de John Major ter retirado a divisa do mecanismo de câmbios europeu.