Álvaro Neves, presidente do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA), acredita que mais cedo ou mais tarde Portugal será palco de um “grande acidente aéreo”. Em entrevista à TSF, o responsável lamentou a falta de resposta dos vários governos face à criação de uma nova taxa de 20 cêntimos por bilhete de avião para pagar o trabalho do GPIAA, entidade responsável por prevenir e investigar os acidente aéreos em Portugal.

Segundo Álvaro Neves, a situação financeira difícil da GPIAA, complicou-se ainda mais este ano. O orçamento de 500 mil euros recebeu um corte de 40%, fazendo com que o gabinete seja “incapaz de cumprir as obrigações financeiras do dia-a-dia” ou de pagar as deslocações dos investigadores. Houve até dias em que a GPIAA chegou a ficar sem comunicações. “Estrangulado por um garrote até à inoperacionalidade”, disse o responsável à TSF.

Caso não seja encontrada uma solução, o presidente da GPIAA não vê como será possível prevenir e investigar acidentes em Portugal. À TSF, Álvaro Neves defendeu ainda que a criação da nova taxa seria fundamental para criar um fundo de reserva para o Estado no caso de um acidente grave.

Governo garante segurança aérea e rejeita taxar bilhetes de avião

O secretário de Estado das Infraestruturas já reagiu a estas declarações, tendo rejeitado a criação dessa taxa. Também em declarações à rádio TSF, Guilherme W. d’Oliveira Martins rejeitou garantiu que o Governo está “empenhado em investir no reforço dos meios de investigação, de prevenção e segurança”.

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“Mais do que criar taxas, o governo está empenhado em investir, em realizar despesa no reforço dos meios de investigação, de prevenção e segurança. Isto é mais importante. Não estamos a criar taxas adicionais para acorrer às necessidades de um organismo, mas num quadro maior de reforço na prevenção e segurança”, explicou o secretário de Estado.

Oliveira Martins rejeitou assim que a prevenção e a segurança aérea esteja comprometida pela falta de meios financeiros do gabinete. “Nos últimos anos tem havido um reforço da segurança e na prevenção de acidentes, através da implementação de um programa integrado de segurança do Estado Português”, disse.

Guilherme d’Oliveira Martins adiantou que em 2015 houve um aumento de auditorias aos operadores aéreos: “Em 2015, aumentou em cerca de 44% [auditorias] e nas estruturas aeroportuárias 14%. No último ano, aumentaram também as inspeções a aeronaves estrangeiras. Foram 272 aeronaves inspecionadas”, precisou.

O secretário de Estado lembrou ainda que foi também garantida a permanência em cabine de dois tripulantes também como medida de segurança e prevenção.