Olívia, a ovelha que não queria dormir
De Clementina Almeida (Porto Editora)
Em vez de contar carneiros, Clementina Almeida propõe contar a história de uma ovelha para adormecer. Psicóloga clínica e fundadora do BabyLab, onde conduz um programa de estimulação sensorial para bebés, a especialista põe os seus conhecimentos ao serviço da hora de deitar os mais pequenos — uma hora que se quer pequena, como nos partos, mas nem sempre o é. Esses conhecimentos passam por introduzir bocejos no meio da história, trautear uma melodia suave ao ouvido da criança ou ainda fazer pressão no meio das sobrancelhas, tudo com o pretexto de que se está a tentar adormecer Olívia, a ovelha que não queria dormir. Acabada de chegar às livrarias, a obra traz ainda dois bónus: dicas na hora de ir deitar baseadas na neurociência e páginas que cheiram a alfazema, um “indutor natural do sono”.
ABZZZZZ
De Isabel Minhós Martins e Yara Kono (Planeta Tangerina)
De A a Z — ou melhor, a “zzzzzzz” –, este não é um abecedário normal, mas sim um abecedário do sono. “Em princípio, este livro não falha”, lê-se na introdução. “Se na letra A todos os leitores mantêm os olhos abertos, na letra B há já muitos que bocejam, e lá mais para o fim, na página do R, apenas se ouve um suave ressonar.” Todas as palavras estão de alguma forma relacionadas com o ato de dormir, e há letras que incitam a bocejar, apagar a luz para “diminuir os kilowatts“, respirar devagar ou pensar em coisas silenciosas, como as nuvens. Daí a questão, feita logo no início: “E tu, a que letras chegarás?”.
O Coelho Que Queria Dormir
De Carl-Johan Forssén Ehrlin (Lua de Papel)
Carl-Johan Forssén Ehrlin era um simples psicólogo clínico quando tirou este coelho da cartola e transformou uma edição de autor num bestseller publicado em 40 países. O Coelho Que Queria Dormir é apresentado como “o livro mágico que vai adormecer os seus filhos” e pela internet não faltam testemunhos de pais a dizer que funciona. O segredo não está só na história — um coelho chamado Rogério que quer continuar a brincar e precisa de ajuda para adormecer — mas também na forma como ela deve ser contada, com bocejos pelo meio, indicados no texto, e frases a itálico que devem ser lidas “numa voz lenta e calma”. As sugestões, explica o especialista sueco, baseiam-se em técnicas psicológicas de relaxamento e a história deve ser lida com a criança deitada, sem estar a distrair-se com as ilustrações. O único perigo é o pai que lê ficar como o coelho Rogério: tão mas tãaaao caaaaansado [bocejo].
O Meu Papá é Grande, é Forte, Mas…
De Coralie Saudo e Kris Di Giacomo (Dinalivro)
Os papéis habituais inverteram-se. Em O Meu Papá é Grande, é Forte, Mas… é o pai de fato e gravata, e não o filho, que não quer ir para a cama e faz uma birra antes de se deitar. A inversão de papéis leva a que seja a criança a ter de convencer o adulto a dormir, a ter de lhe ler uma história e a enfrentar o seu medo do escuro, levando até com a pergunta: “Alexandre, meu filho, posso dormir na tua cama?” Resta ver como eles reagem a este mundo ao contrário — idealmente dando o exemplo aos crescidos.
O Coelho Dorminhoco
(Editorial Presença)
Para os miúdos que não adormecem sem uma história e um peluche, este livro, acabado de lançar, é um 2-em-1. Tudo porque traz um fantoche que ganha vida para arrumar os brinquedos, mordiscar as cenouras, lavar os dentes, ouvir uma história e dizer “boa noite”. Um coelho dorminhoco que acaba por servir de exemplo e ajudar em todo o ritual de ir para a cama.
Vai Dormir, F*da-se
De Adam Mansbach (Arte Plural)
Ao contrário das sugestões anteriores, este livro não é para ler aos miúdos mas para oferecer a outros pais, sobretudo se tiverem sentido de humor. Com uma filha de três anos à data que escreveu Vai Dormir, F*da-se, Adam Mansbach diz com todas as letras — e alguns asteriscos — o desespero que sentem os progenitores que só querem que os seus rebentos adormeçam de uma vez por todas. E fá-lo em quadras que rimam e com versos onde não faltam palavrões. Dois exemplos:
“Cai a noite e sem demora
O ratinho para a sua toca está a ir.
E nós estamos nisto há mais de meia hora…
O que se passa, f*da-se? Vai dormir!”
“Na sua selva, do anoitecer à aurora,
Ressona, adormecido, o tigre enorme.
Já tens a chucha e o ursinho, por isso agora:
Caluda. Chega de m*rdas. Dorme.”