O presidente sírio, Bashar al-Assad, deu uma entrevista exclusiva ao The Sunday Times, este domingo, onde foi questionado sobre se sente remorsos face ao pesadelo vivido na Síria e se consegue dormir à noite sabendo das milhares de crianças mortas no país. Assad riu-se e respondeu que dorme normalmente.

Bashar al-Assad tem sido um líder controverso e, uma vez mais, não se conteve nas suas palavras. O momento alto da entrevista terá sido quando questionaram o presidente sobre se dorme bem à noite ao saber das crianças que são mortas, todos os dias, na cidade de Aleppo e em outras regiões da Síria. Assad riu-se e disse:

Eu sei o significado dessa pergunta. Eu durmo regularmente. Durmo, trabalho e como normalmente. E faço desporto”, avança o The Independent.

Já sobre a morte dos civis, em geral, Assad defende que “é culpa dos terroristas e nós estamos a falar sobre guerra, não caridade. Na guerra tens sempre inocentes que são feridos ou mortos. O que fazes? Dás o teu melhor“. O presidente sírio afirmou ainda que os terroristas continuam em Aleppo a usar os civis como escudos humanos. “Não podemos simplesmente estar ali e pedir ‘não destruam a cidade’. Mais importante do que a cidade são as pessoas, nós temos de fazer o melhor por elas”.

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O Governo sírio tem aberto corredores comunitários para que as pessoas escapem, mas os terroristas abatem-nas.

Muito se tem debatido acerca do apoio da Rússia prestado à Síria. O presidente sírio insiste não ser um “fantoche de Kremlin” apesar de admitir que a Rússia está a ajudá-lo. Assad diz que os sírios que se opunham ao seu governo, agora apoiam-no por que perceberam que a alternativa é muito pior. É que os sírios têm apenas um escolha: ele ou os extremistas islâmicos enviados por forças exteriores.

O Presidente, que se refere várias vezes a si próprio na terceira pessoa, defende que “a demonização [contra si] atingiu o seu pico.

Ele [Assad] é um ditador, ele está a matar o seu povo laçando bombas… Não há mais nada que possam dizer sobre mim”, atentou Assad segundo o The Australian.

Contudo, como na sua opinião, o Ocidente está-se a tornar mais “fraco”, pois não já não consegue explicar tão facilmente às pessoas o que se está a passar na Síria, e será obrigado a aceita-lo.

Além disso, Assad insiste em afirmar que os Capacetes Brancos, nomeados para Prémio Nobel da Paz, manipulam as fotografias de crianças mortas na guerra da Síria, ao usar as mesmas crianças em diferentes cenários. O presidente sírio diz que a conhecida imagem de Omran Daqneesh, um rapaz de cinco anos ferido após um ataque aérea, foi forjada.

No dia em que saiu a sua entrevista, o governo sírio foi acusado de vender um berçário, num subúrbio controlado por rebeldes, na capital de Damascus, onde foram mortas pelos menos seis crianças e mais de 25 feridas.

A família Assad governa a Síria há 45 anos e Bashar al-Assad está no poder desde 2000, após a morte do pai. O presidente diz que, apesar da situação crítica que se vive na Síria, não pensa retirar-se do cargo antes do final do seu mandato em 2021.