A tese tem sido comum em vários ramos da ciência: o açúcar está associado a doenças cardiovasculares, é prejudicial à saúde e deve ser substituído por outros ingredientes como, por exemplo, o mel. Parece apanágio do século XXI, mas na realidade um monge do século XVIII já assim o preconizava. Os benefícios que encontrou no mel foram vertidos num manuscrito que será agora publicado em livro, em Espanha.
Segundo o El Espanol, o padre Isidoro Saracha foi boticário no Mosteiro de Santo Domingo de Silos entre 1745 e 1803 e deixou em papel as suas recomendações para uma vida saudável. Na obra, escrita em 1783, recomendava o uso do mel no lugar do açucar.
O manuscrito permaneceu inédito até agora, mas graças ao trabalho de um perito em paleografia, de um arquivista, um geógrafo e um jornalista ambiental, a obra será lançada esta quarta-feira, no Real Jardim Botânico do Conselho Superior de Investigações Cientificas, em Madrid, sob o título “A la salud por la miel: La Economía médico-salutífera del Padre Isidoro Saracha (1783)”.
De acordo com aquele jornal, Saracha sempre se debruçou sobre o tema da alimentação saudável e chegou mesmo a ser dispensado do seu regime de clausura no mosteiro para passar dois meses nos Hospitais Reais de Madrid. Foi aqui que o padre percebeu que era administrado açúcar a mais aos doentes e que foi incentivado, sendo ele boticário, a escrever um livro que servisse de recomendação aos médicos. E foi o que fez, adquirindo vários livros sobre o tema com os seus escassos recursos.
Saracha fundamentou o seu trabalho com algumas obras sobre o tema, mas também na sua crença religiosa. O padre acreditava que Deus tinha disponibilizado na Natureza várias formas medicinais, pensando no acesso aos medicamentos por parte dos mais pobres. Neste “supermercado natural”, como lhe chama o El Espanol, destacava-se o mel, elogiado desde a antiguidade pelas suas propriedades. No entanto, esta tese não vingou na altura. Os médicos ignoraram as conclusões de um monge que sugeria substituir o açúcar pelo mel nos hospitais e o manuscrito ficou guardado. Até hoje.