Artigo originalmente publicado em 16 de dezembro de 2016.
Na Coreia do Norte há duas versões da mesma história entre os turistas que visitaram o país nos últimos anos. Há quem siga as regras da pesada ditadura norte-coreana e jure, quando regressa, que o secretismo é apenas romance para atrair atenções e pinte um país que, embora liderado por um ditador, pouco ou nada limita o conhecimento a quem o visita e que, mesmo com uma máquina fotográfica nas mãos, ninguém é alvo de represálias. Mas depois, há quem jure o contrário, quem sinta que não está a olhar para o quadro inteiro e que tudo o que está a ver é parte de uma história criada pelo governo para abrilhantar uma realidade enegrecida pela falta de liberdade. Mas para os norte-coreanos expulsos do país por traição não há dúvidas: não há ponta de verdade naquilo a que os turistas têm acesso. É uma fantasia para os iludir.
Isto mesmo é explicado por Han Song Chol, Kim Jun Hyok, Kang Jimin e Fyodor Tertitskiy, quatro norte-coreanos que foram expulsos e acusados de traição. De acordo com o que contaram à NK News, não há nada de simplesmente romântico nas dificuldades em passear dentro da Coreia do Norte, nas visitas organizadas ao centímetro pelo governo, nem nos polícias que perseguem os turistas de um lado para o outro: “Normalmente os turistas recebem uma narrativa aprovada pelo governo, as interações entre civis e estrangeiros são estritamente limitadas e ouvir sobre o verdadeiro quotidiano dos locais é uma raridade”, escreve a NK News.
A fim de descortinar a verdade por detrás daquilo que os turistas têm oportunidade de ver, a NK News publicou 94 fotografias de Chris Petersen-Clausen e convidou os quatro “traidores” norte-coreanos a contarem o que elas escondem. O Observador teve acesso a essas imagens. Todas as legendas têm a informação fornecida pelos entrevistados. Veja-as (desta vez com olhos de ver) na fotogaleria.