Luís Marques Mendes acredita que a janela temporal para um eventual apoio do PSD à candidatura de Assunção Cristas à Câmara Municipal de Lisboa já fechou. Para o comentador, se o partido o fizer agora “seria visto como um ato de rendição, de falta de comparência”.
O antigo líder social-democrata aproveitou o espaço de comentário habitual, na SIC, para abordar o tema da corrida autárquica em Lisboa. Numa altura em que se discute com insistência um possível apoio do PSD à líder democrata-cristã, Marques Mendes fez questão de alertar para aquilo que considera ser um erro estratégico para ambas as partes. Um erro para Pedro Passos Coelho, que daria “uma imagem de fraqueza externa”, podendo, inclusivamente, “gerar muitas divisões internas”, e um erro para Assunção Cristas, que, à custa de um “presente envenenado”, ficaria mais pressionada a conseguir um bom resultado autárquico, afirmou Marques Mendes.
O comentador admitiu, mesmo assim, um cenário em que o PSD apoiasse a candidatura de Assunção Crista se, em contrapartida, o CDS desistisse do apoio a Rui Moreira no Porto e apoiasse o candidato do PSD à autarquia. Um acordo pouco feliz, reiterou Marques Mendes, e altamente improvável: nesta altura do campeonato, os democratas-cirstãos não estarão dispostos a abandonar uma “candidatura vencedora” como a de Rui Moreira.
O ex-presidente do PSD descartou ainda a hipótese de Pedro Passos Coelho avançar como candidato à presidência da Câmara de Municipal de Lisboa. “Não faz sentido. não seria inédito, mas nestas circunstâncias não faz sentido”.
Recorde-se que esta semana, durante um jantar organizado pelo movimento Lisboa Sempre, Rogério Gonçalves, conselheiro nacional do PSD, vice-presidente do partido no concelho Lisboa e fundador deste movimento, desafiou Passos a avançar para Lisboa. A direção social-democrata não parece disposta a considerar essa hipótese.
Marcelo, Costa e António Domingues entre as figuras do ano de Marques Mendes
Luís Marques Mendes aproveitou o comentário dominical para eleger aquelas que considera serem as figuras do ano em várias área. À cabeça, Marcelo Rebelo de Sousa mereceu o título de figura do ano na política, não só pela forma como venceu as eleições, de forma inequívoca e sem apoio do aparelho partidário mas também pela popularidade que granjeou e pela maneira como intervém politicamente.
António Costa também mereceu o elogio de Marques Mendes, garantido uma estabilidade política que ninguém julgava ser possível há um ano. A 4 de outubro de 2015, o líder socialista perdia as eleições para Pedro Passos Coelho; “agora ganha em toda a linha”, afirmou o comentador.
Já o “ilustre desconhecido” António Domingues, presidente demissionário da Caixa Geral de Depósitos, acabou por ser considerado a figura do ano na Economia, sobretudo pelos piores motivos. Ainda que tenha tido “mérito” na forma como processo de recapitalização do banco público foi aprovado em Bruxelas, as “trapalhadas” em que se viu envolvido estragaram a fotografia. “Moral da história: foi aldrabado pelo Governo, mas mesmo assim parece que não está zangado com o Governo”, sugeriu Marques Mendes.