A entrada em vigor da nova Diretiva dos Serviços de Pagamentos, até janeiro de 2018, afetará mais de mil milhões de clientes bancários e coloca em risco entre 25% e 40% do produto bancário dos bancos a operar na União Europeia, segundo os consultores da Roland Berger. “As mudanças propostas [pela diretiva] são tão perturbadoras que todo o modelo de negócio da banca de retalho terá que ser repensado. A nova diretiva está definida para repensarmos a relação que temos com o sistema bancário”, avisa António Bernando, sócio da consultora.

A primeira versão da diretiva criou a área única de pagamentos de retalho na Europa (conhecida por SEPA, de Single Euro Payments Area), que diminuiu o tempo de processamento de pagamentos e reduziu e uniformizou as comissões sobre operações internacionais. A revisão da diretiva, publicada em novembro de 2015, procura aumentar a concorrência bancária obrigando os bancos a abrirem o acesso à informação sobre a conta à ordem dos seus clientes a novos operadores, desde que os clientes o autorizem.

“Para os bancos e seus clientes, bem como para os prestadores de serviços financeiros a [nova diretiva] representa um mundo de oportunidades e desafios”, afirma Ricardo Madeira, um dos autores do estudo da Roland Berger. Haverá dois tipos de novos operadores: os agregadores de informação, que compilam a informação das diferentes contas bancárias dos clientes mediante a sua autorização, oferendo um serviço integrado de gestão das finanças pessoais; e os operadores de iniciação de pagamentos, que prestam um serviço de pagamento conta a conta.

Para os consultores da Roland Berger, os bancos enfrentam “um risco de perda da relação do dia-a-dia com os clientes pela transferência dos serviços de gestão financeira e de pagamentos para plataformas online ou mobile de novos operadores, que não se encontram restringidos pela infraestrutura bancária existente”. Se nada fizerem, “o papel dos bancos estaria gradualmente condenado à função de ‘fábrica de produtos financeiros’”. No entanto, se desenvolverem as suas próprias soluções de agregação e de iniciação de pagamentos, a nova diretiva pode ser vista como uma oportunidade para a banca, calculam os consultores da Roland Berger.

A área de pagamentos é uma das que está a sofrer mais mudanças. Muitos operadores estão a entrar no negócio com novas tecnologias, com soluções como o MB Way, o Seqr e o Meo Wallet.

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