Durante séculos, várias famílias tradicionais do Porto terão bebido vinho no número 135 da Rua das Flores. O espaço faz parte da antiga Casa dos Constantinos, uma propriedade senhorial dos finais do século XVIII, adquirida por Constantino Alves do Vale Pereira Cabral. Antes, no século XVI, foi propriedade dos Figueiroa. E desde o dia 1 de fevereiro que é de todos os que ali quiserem entrar para provar mais de 100 referências de vinhos, 16 petiscos e alguns pratos principais. Fomos conhecer o novo Páteo das Flores.
“É um wine bar que serve petiscos e algumas refeições“, descreve Bernardo Sampaio. Para além de ser o responsável pelo novo espaço, é também diretor do Vitória Village e do Flores Village, duas unidades hoteleiras recentes da cidade, também elas inseridas no que outrora foi a Casa dos Constantinos, com os seus cinco pisos e os azulejos na fachada. Mas, apesar de se inserirem na mesma história, o Páteo não é um restaurante de hotel.
Outra coisa que não é: uma armadilha para turistas. Apesar da localização na Rua das Flores, cada vez mais tourist friendly, o nome do espaço está em português para que os portuenses não tenham dúvidas de que são bem-vindos. O ambiente é confortável, com requinte, mas descontraído. “Como um pátio”, resume o simpático responsável.
Há três espaços diferentes, decorados ao pormenor pelo designer Pedro Mourão. Quem se sentar numa das mesas da entrada fica com os olhos postos nas pessoas que passam na rua, na garrafeira farta e no mural de uma estátua grega, adornada com flores carnívoras, da autoria dos artistas Third & Mots. Acompanhando a garrafeira até ao fim, chega-se a um espaço intermédio com duas mesas retangulares com capacidade para seis pessoas cada uma. A ideia é acomodar grupos, para que estejam mais à vontade.
Quem passa à porta e espreita lá para dentro não imagina que, nas traseiras, há de facto um pátio para refeições. cheio de luz natural, com tetos envidraçados, a simular um pátio exterior. Com direito a calçada de rua, e até portas e janelas nas paredes. É como uma surpresa. Ao entrar, os olhos pousam imediatamente no mural de arte urbana de 10 metros que foi pintado para a ocasião, também pela dupla Third & Mots.
A decoração prende o olhar, mas é o paladar que tem de sair dali mais satisfeito. Os vinhos são as verdadeiras estrelas deste Páteo e há mais de 100 referências disponíveis, escolhidas por Ivone Ribeiro, da Garage Wines. 65% são provenientes do Douro, mas o objetivo é promover os vinhos nacionais, de todas as regiões, entre brancos, tintos, rosés, doces, do Porto, da Madeira e espumantes. “Quisemos também ter champanhes não muito comerciais, de pequenas boutiques de produtores de champanhe.
Há 24 opções de vinho a copo, que começam nos 4€ — Vallegre 2014 e Monte da Raposinha 2013, ambos tintos, Titular 2015 branco, Aluzé 2015 rosé, e um espumante, das Caves S. João Reserva Bruto 2014. O mais caro? A flute com champanhe Gisèle Devavry Rosé Pur Noirs (Pinot Noirs), a 15€.
Os vinhos tintos estão acondicionados numa cave, para que sejam servidos a uma temperatura de 16 graus. Os copos são austríacos de vidro fino, “para deixar sobressair os aromas”, explica Bernardo Sampaio. Também há gins, mas a equipa vai sugerir como alternativa o Porto Tónico, “que é uma bebida ótima”.
Os vinhos podem ser bebidos sozinhos, mas quem quiser trincar qualquer coisa tem à disposição 16 petiscos e cinco pratos principais, dois de carne e três de peixe. Tanto a conceção como a confeção são da responsabilidade do jovem chef Raul Sousa e há dois critérios fundamentais: apostar nos sabores nacionais e em produtos frescos, “de qualidade”, sublinha o diretor. “Ao fim de um ou dois meses é que vamos perceber do que é que os clientes gostam. Eles são o nosso barómetro”, ou seja, a carta vai sofrendo alterações à medida das estações do ano e dos gostos do público.
Nas duas semanas de soft opening, as chips de batata doce (4€) têm sido muito requisitadas, assim como o tártaro de atum com molho e soja e groselhas (9€). O diretor destaca a sêmea recheada com queijo mozzarella, queijo flamengo e linguiça picante (8€) e a versão de francesinha de massa folhada (9€). O pão é cozido no local e é servido quente no couvert, que inclui ovos de codorniz, azeitonas e um cubo de azeite congelado, que vai derretendo lentamente. Há sempre um creme do dia, que vai mudando. Na abertura, o escolhido foi o creme de cenoura com alho francês, croutons e natas.
Os pratos principais tentam dar uma amostra dos sabores nacionais, a começar no costeletão de boi maturado (45€ o quilo), servido com um arroz de grelos que sabe a caseiro. As carnes ficam completas com um magret de pato com figos confitados, redução de Vinho do Porto e batata Ponte Nova (14€).
Nos peixes, não pode faltar um prato de bacalhau, com batata à padeiro, cebolada de pimentos e gratinado d’alho (15€), nem um polvo na grelha com brócolos e batata a murro (14€). O lombo de atum com chutney de tomate à baunilha e agriões (13€) completa os pratos principais. É tudo feito ali, à exceção do Pão de Ló de Ovar, garante o responsável. O staff aconselha os vinhos mais adequados para cada prato.
Por falar em sobremesas, a pavlova com frutos vermelhos (6€) tem sido a campeã dos pedidos doces, e ao provar é fácil de perceber porquê. Outro dos destaques da carta são as rabanadas, que ali moram todo o ano, para matar as saudades de quem não aguenta a espera até ao Natal.
Nome: Páteo das Flores
Morada: Rua das Flores, 135, Porto (Baixa)
Contacto: 22 203 1128
Horário: Segunda-feira das 19h às 23h, de terça a sábado das 12h30 às 23h. Encerra ao domingo
Reservas: Aceita
Preço médio: Copo de vinho e petisco a partir de 8€. Uma refeição completa ronda os 30€
Site: www.facebook.com/pateodasfloreswinebar