O PCP exigiu esta terça-feira ao Governo medidas de “emergência” que respondam às necessidades dos ex-trabalhadores dos estaleiros de Viana do Castelo atualmente inativos e que este ano deixam de ter subsídio de desemprego.

“Com a urgência dos prazos, é preciso que o Governo encontre soluções, respostas de emergência para esta situação”, afirmou Carla Cruz, referindo-se a 50 ex-trabalhadores daquela empresa pública que em março ficam “sem qualquer apoio social” por não reunirem condições para requerer a pré-reforma por desemprego de longa duração. A deputada comunista, que falava em conferência de imprensa na sede do PCP em Viana do Castelo, garantiu que o grupo parlamentar comunista “vai, novamente, dirigir uma pergunta ao Governo, nomeadamente, ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

“Mais uma vez, vamos apelar para a urgência de tomarem medidas concretas que respondam às necessidades destes trabalhadores e dos seus agregados familiares”, sustentou a deputada comunista.

Presente no encontro com os jornalistas, o porta-voz dos antigos funcionários dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), António Ribeiro explicou que os cerca de 50 ex-trabalhadores que em março vão perder o subsídio de desemprego não atingiram os 57 anos exigidos pela lei para requererem a reforma antecipada por desemprego prolongado. “Vão ter de aguardar, um ou dois anos, sem nenhum apoio”, frisou. António Ribeiro explicou que aqueles 50 ex-trabalhadores integram um grupo de 250 que à data da rescisão do contrato tinham entre 52 e 62 anos.

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Além daqueles, António Ribeiro disse existirem “cerca de 180 ex-trabalhadores, com idade inferior a 45 anos, cujo subsídio de desemprego terminou há um ou mais anos e que não têm qualquer apoio social nem foram reintegrados no mercado de trabalho”.

“Há ainda cerca de uma centena de ex-trabalhadores, com idades entre os 45 e os 51 anos, que não têm acesso à reforma antecipada e que vão ficar sem subsídio de desemprego a partir de março e até maio. Há também nove ex-trabalhadores que continuam em litígio com a empresa, em tribunal”, explicou.

António Ribeiro lamentou “a falta de resposta” do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, com quem se reuniram em dezembro passado, e “do presidente da Câmara de Viana do Castelo que, após uma reunião com a comissão representativa daqueles ex-trabalhadores, em outubro de 2016, disse que ia propor ao Governo um programa de formação que permita empregar, em novas empresas locais, os ex-trabalhadores dos estaleiros”. António Ribeiro anunciou a realização de “uma nova ronda” de contactos com os partidos com representação parlamentar e, só no final, serão definidas novas ações.m O dirigente local do PCP, António Bastos criticou a forma “impávida e serena como a cidade está a assistir à situação destes ex-trabalhadores”.

“Estão à espera que tenham que ir para a porta da Cáritas ou de outra instituição de solidariedade social. São 50 famílias que daqui por dois meses não têm nada para comer”, referiu António Basto, também ele antigo trabalhador e ex-presidente da comissão de trabalhadores dos ENVC. António Bastos desafiou a população da cidade, “em uníssono, a levantar-se e a mobilizar-se para que esta denúncia passe para todos os munícipes”. “Se os políticos não conseguirem resolver tem de ser a cidade a unir-se para que este problema seja resolvido, no mais curto espaço de tempo”, disse.