Num ato público inédito onde os media mainstream serviram de saco de boxe, o chefe de estratégia de Donald Trump, Stephen Bannon, subiu ao palco do congresso anual da American Conservative Union, juntamente com o chefe de gabinete do Presidente dos EUA, Reince Priebus. Num ambiente descontraído e amigável — já que este é anualmente o maior evento da direita norte-americana —, os dois sublinharam que Donald Trump dedicou o seu primeiro mês no poder a cumprir algumas das promessas que fez em campanha.

“Os media, tal como estiveram completamente errados durante a campanha e durante a transição, estão completamente errados sobre o que está a acontecer agora”, disse Stephen Bannon na tarde desta quinta-feira. “Nós temos uma equipa que está lutar por aquilo que o Presidente Trump prometeu ao povo americano e os media mainstream deviam entender uma coisa: todas as suas promessas vão ser implementadas.”

Com os media, “todos os dias vão ser uma luta”

Para Stephen Bannon, que foi diretor do site Breitbart até ter assumido a liderança da campanha de Donald Trump em agosto de 2016, a relação entre os media e a Casa Branca “só vai piorar”. “Eis porquê: ele vai continuar a aplicar a sua agenda e à medida que as condições económicas melhorarem e os empregos ficarem melhores, eles vão continuar a dar luta”, disse, referindo-se aos media. E depois dirigiu-se para a plateia: “Se vocês achavam que [os media] vos iam devolver o país sem nenhuma luta, então vocês estavam tristemente enganados. Todos os dias vão ser uma luta”.

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Stephen Bannon chegou mesmo a dizer que Donald Trump está “maniacamente concentrado” em cumprir as suas promessas eleitorais.

A sessão entre os dois homens que fazem parte do grupo mais próximo de Donald Trump — o elemento que fecha o lote, o vice-Presidente, Mike Pence, tem uma sessão prevista para as 19h30 locais (00h30 de Lisboa) — oscilou entre o tom aguerrido de Stephen Bannon e a marca diplomática de Reince Priebus.

Para o chefe de gabinete do Presidente dos EUA, o “Presidente Trump conseguiu juntar o partido e o movimento conservador, e quando o partido e o movimento conservador estão juntos, ninguém os consegue parar”. Referindo-se aos dias da campanha de Donald Trump ainda no tempo das primárias do Partido Republicano — que decorreu na altura em que Reince Priebus era presidente do partido —, o chefe de gabinete disse que os norte-americanos estavam “esfomeados” no que tocava à política. “Estamos todos tão fartos de política e políticos, que estamos esfomeados por alguém que é real, que é genuíno e que é aquilo que diz que é”, disse, arrancando uma ovação à plateia.

Jornalistas e Donald Trump: é complicado

Ainda sobre a campanha e a vitória eleitoral que se seguiu, Stephen Bannon voltou a falar dos media. “Se se lembrarem, de acordo com a descrição dos media, a campanha era a mais caótica, a mais desorganizada, a mais amadora, ninguém sabia o que estava a fazer e depois vimo-los todos a chorar na noite de 8 [de novembro]”, ironizou. “Nós nunca tivemos nenhuma dúvida, e Donald Trump também não, de que ele iria ganhar, e isso foi o poder deste movimento.”

Stephen Bannon, que foi o terceiro e último diretor de campanha de Donald Trump, é também conhecido por ter sido diretor do site noticioso Breitbart, abertamente ideológico e próximo da extrema-direita — esta terça-feira, Milo Yiannopoulos, editor daquele site, demitiu-se depois de serem conhecidas declarações polémicas sobre pedofilia. Reince Priebus subiu ao cargo de presidente do Partido Republicano em 2011 e no final das eleições primárias, quando Donald Trump já estava perto de se tornar o seu vencedor, serviu de elo de ligação entre então o magnata nova-iorquino e a ala conservador e mais cética do partido.