A taxa de prevalência estimada do HIV-Sida nas prostitutas em Angola atingiu os nove por cento, informou esta sexta-feira o secretário executivo da Rede Angolana das Sociedades de Serviços da Sida (Anaso), classificando a situação como dramática. A informação foi avançada à Lusa por António Coelho, recordando que a taxa de prevalência nacional, em termos globais, é de 2,1% e com um aumento de novas infeções da doença.

“Durante muito tempo a nossa ação aqui em Angola ficou virada fundamentalmente para a população geral, mas esquecemo-nos de grupos muito específicos como as trabalhadoras do sexo”, acrescentou.

Em Angola, segundo a Anaso, Organização Não-Governamental (ONG) angolana de combate à doença, o HIV-Sida afetou já cerca de meio milhão de pessoas, uma taxa de prevalência de 2,1% para um universo de 26 milhões de pessoas, sendo que apenas 215 mil estão a ser acompanhadas. Destes, “apenas 78 mil” estão a beneficiar de terapia antirretroviral, de acordo com os dados reunidos pela Anaso.

O ministro da saúde de Angola, Luís Gomes Sambo, admitiu, em dezembro, a insuficiência de antirretrovirais no país para assistir, de forma gratuita, mais de 90.000 pessoas seropositivas que são acompanhadas. “Portanto, a cobertura do ponto de vista do tratamento é inferior a 50%, andamos aí na ordem dos 40%”, observou por sua vez António Coelho, defendendo por isso o combate à exclusão e a mobilização de mais recursos para a prevenção e combate à doença.

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“Sob pena”, advertiu, de nos próximos três anos “evoluir para uma situação dramática”: “A Sida no país continua preocupante e se não forem tomadas medidas nos próximos três anos vamos evoluir para uma situação dramática, isto porque apesar dos esforços que estão a ser feitos o número de novas infeções está a aumentar”. Segundo o secretário executivo da Anaso, Angola está a registar em média cerca de 28 mil novas infeções e o número de mortes provocadas pela doença está igualmente a crescer.

“O país está registar em média cerca de 11 a 12 mil mortes por ano e o número de casos relacionados com estigma e descriminação associados ao HIV-Sida continua a aumentar. Continuamos a ter casos de estigma e discriminação no seio da família, da comunidade e no seio hospitalar”, assinalou. Admitiu mesmo que a descriminação nas empresas chega ao ponto de situações em que os trabalhadores “são obrigados a apresentar o teste e se for positivo são despedidas”.

O responsável denunciou igualmente a existência no país de hospitais públicos a efetuarem cobranças para realização do teste e da medição da carga viral. “Apesar de a lei ser clara sobre a gratuitidade dos testes e da medição da carga viral, infelizmente as cobranças vão sendo feitas, por razões que nós desconhecemos e que vamos continuar a discutir, sob pena de criarmos uma situação embaraçosa no futuro”, apontou.