Recusou-se a assinar mais um pacote de medidas de austeridade e abandonou o seu posto de ministro das Finanças da Grécia pelo próprio pé. Yanis Varoufakis, economista e autor, é um suspeito defensor da União Europeia mas é nesse papel que tem conduzido um périplo pelo Reino Unido do pós-Brexit.

Varoufakis estava preocupado que o seu livro “Os Fracos são os que Sofrem Mais?” (Marcador, 2016) não “pegasse” junto dos leitores britânicos mas “poucas semanas” depois de lançar o livro viu-se “a defender a permanência” do país na UE “em vários pontos da Grã-Bretanha”. E as pessoas, diz Varoufakis, estavam confusas: “Como pode defender a UE depois da forma como tratou o seu país e vir aqui dizer-nos que devíamos ficar?”. Uma dúvida compreensível que o antigo ministro das Finanças rebate, ainda que um pouco pela rama, no seu texto no diário The Guardian.

Diz Varoufakis que “é suficiente dizer que os que pensam que o Brexit construirá laços mais fortes entre o Reino Unido e os Estados Unidos estão equivocados em relação à origem da UE, ao papel dos Estados Unidos em uni-la e nos efeitos negativos que já está a ter no resto no mundo”. Varoufakis referia-se, principalmente, à expansão dos nacionalismos que se seguiu ao voto dos britânicos.

Já no rescaldo do voto, quase um ano volvido, Varoufakis voltou à imprensa para falar dos seus medos em relação à concretização e ao modelo da saída. “O meu grande medo é que não existam negociações algumas. Será qualquer coisa que se assemelhe a uma negociação mas eu sei por experiência própria que não é possível negociar com Bruxelas. Negoceia-se o direito a negociar mas depois não negoceias coisa nenhuma”, disse à publicação View, sediada em Belfast, na Irlanda do Norte. Mas o economista também não acredita que “alguma coisa boa possa resultar do Brexit”, disse numa conferência sobre democracia até 2025 na mesma cidade.

“Os Europeus estão a perder a fé nas possibilidades de uma solução europeia para os problemas europeus. Ao mesmo tempo a fé na Europa em si está a definhar e vemos um ressurgimento da misantropia, xenofobia, e nacionalismo a níveis tóxicos. Se colocamos um travão a estes desenvolvimentos voltamos aos anos 30. É preciso que a Europa se torne um reduto de prosperidade partilhada, paz e solidariedade e é preciso uma ação rápida, antes que nos desintegremos”, disse Varoufakis à sua audiência.

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