Animados pela realidade escocesa, o presidente e o vice-presidente da Catalunha voltaram à carga para forçar o Governo espanhol a comprometer-se com um referendo à independência da região. Mas Madrid não cede e recorre à lei para explicar que nem o executivo nem o parlamento podem negociar um dossier que diz respeito ao conjunto dos cidadãos espanhóis, refere o El País.
Foi precisamente no diário espanhol que os dois responsáveis catalães assinaram um artigo em que voltam a defender a realização de um referendo: “Que vença o diálogo, que as urnas decidam” diz o artigo em que Carles Puigdemont e Oriol Junqueras acusam o executivo espanhol de falta de diálogo. Em castelhano, os responsáveis catalães clarificam, à cabeça, o contexto da nova invetiva: “O Governo do Reino Unido e a Escócia acordaram [a realização de] um referendo”. A Catalunha quer o mesmo para si.
“Houve acordo porque houve vontade política de convocar e permitir o referendo”, consideram Puigdemont e Junqueras, antecipando depois aquela que viria a ser a resposta de Madrid. Os catalães sublinham que “não se deixou nas mãos dos tribunais aquilo que foi possível resolver politicamente”.
À agência EFE, o executivo espanhol começa por estranhar a acusação de falta de diálogo de Barcelona, devolvendo a acusação. Foram os responsáveis catalães quem “fez da falta de diálogo e da imposição a tónica geral da sua gestão” do dossier “independência da Catalunha”.
Lado a lado com o Governo liderado pelo Partido Popular, os socialistas espanhóis afinam o discurso pelo mesmo tom, dando conta de que, neste capítulo, os dois principais partidos espanhóis não podiam estar mais de acordo. A proposta de Barcelo “não tem crediblidade nem legitimidade porque é feita sobre bases impossíveis de assumir num Estado de Direito”, referiu o porta-voz da comissão executiva do PSOE, Mario Jiménez.
O apelo ao diálogo assumido no artigo dos dirigentes catalães faz-se “a partir da desobediência e do desprezo pelas leis, recusando o Estado e lançando um ultimato à ordem constitucional”, acusa o representante socialista.