É impossível dissociar os nomes Seat e Ibiza. E vice-versa. Redobrando de interesse a chegada ao mercado da quinta geração do popular utilitário espanhol, por acontecer numa fase especialmente importante para a marca de Martorell.

Se não, vejamos. Há cinco anos a bater recordes de vendas, e finalmente regressada aos lucros, a Seat vem lançando novos modelos a um ritmo nunca visto, e que promete não abrandar: ainda no segundo semestre deste ano chegará o Arona, um SUV assente na mesma plataforma do novo Ibiza; em 2018, será tempo de conhecer o seu novo SUV de maior porte, ainda sem nome conhecido e proposto em versões de cinco e sete lugares, criado sobre a mesma base que já serviu ao desenvolvimento do Skoda Kodiaq.

Já o Ibiza é o modelo que há mais tempo se mantém no catálogo do seu construtor, foi o primeiro a ser lançado após a Seat ter deixado de ser uma espécie de “filial” da Fiat e vendeu nada menos do que 5,4 milhões de unidades ao longo de 33 anos e quatro gerações. Além deste legado histórico, pretende assumir-se, agora, como a mais inteligente solução de mobilidade urbana do momento, para o que até teve honras de ser o primeiro modelo, em todo o Grupo Volkswagen, a fazer uso da sua nova plataforma modular MQB A0 (aquela que servirá, igualmente, os novos Volkswagen Polo e Skoda Fabia, e respectivas declinações), situação que não é, propriamente, habitual, e diz bem da aposta que o conglomerado germânico está a fazer no seu braço espanhol.

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É, pois, inquestionável a importância desta quinta geração do Ibiza para o futuro da Seat, sendo mesmo um dos seus três pilares fundamentais, a par do Leon e do Ateca. Com o objectivo de ser um modelo mais aspiracional do que até aqui, sem nada perder da sua vertente prática e do seu carácter jovial, visa alargar a base de clientes da marca espanhola no segundo segmento mais importante do mercado europeu, em que até pretende estabelecer novos padrões de referência, contando, para isso, com um leque de atributos que vale bem a pena conhecer melhor.

Estilo determinante

Segurança, mecânica e comportamento, entre outros, sempre foram factores fundamentais quando se trata de avaliar um automóvel. A que se juntam, hoje, aqueles mais contemporâneos, como a conectividade ou os auxiliares de condução. Mas o que não falta por aí são estudos que provam que a estética continua a ser um dos atributos mais valorizados pelos consumidores aquando da compra do seu novo automóvel.

Também por isso, a Seat dedicou especiais cuidados à aparência exterior do novo Ibiza. Honrando os seus pergaminhos, e a atracção que sempre exerceu junto dos mais jovens (a média de idades da sua base de clientes é a mais baixa da classe, e 10 anos inferior à do segmento), conta com linhas tensas, como é da praxe na Seat, mas mais marcantes e esculpidas, e igualmente mais aerodinâmicas.

Pleno de carácter, o novo Ibiza é considerado pela Seat como suficientemente desportivo, agressivo e dinâmico, no plano estilístico, para não necessitar de propor uma variante de três portas. Por isso, nesta geração, será disponibilizado apenas na mais versátil carroçaria de cinco portas. É, ainda, e como aconteceu com o Leon entre os compactos, o primeiro representante do seu segmento a poder contar com a iluminação exterior integralmente por LED.

O trunfo MQB A0

Vantagem incontornável do novo Ibiza é, indubitavelmente, ter sido eleito para a estreia absoluta da plataforma modular MQB A0, que a Volkswagen utilizará com várias distâncias entre eixos para desenvolver diversos modelos, que, no seu conjunto, representarão uma produção de mais de 700 mil unidades anuais. No caso em apreço, a distância entre eixos é de 2.564 mm, para um comprimento exterior de 4.059 mm, uma largura de 1.789 mm e uma altura de 1.444 m (1.429 mm nas versões FR), para um peso em torno dos 1.100 kg, dependendo das versões.

Contas feitas, e face ao seu antecessor, o Ibiza é ligeiramente mais curto e mais baixo, mas cresceu 87 mm em largura, 95 mm entre eixos e conta com vias 60 mm largas. Aqui residindo, em boa parte, a explicação para, apesar de mais compacto, ser notoriamente mais amplo interiormente, sobretudo atrás, onde se passa a viajar com muito maior à vontade. Ao mesmo tempo, a capacidade da mala, com os cinco lugares montados, passa a ser de 355 litros (mais 63 litros do que anteriormente), além de ter ganho uma funcionalidade acrescida por oferecer um plano de carga mais baixo.

No interior são, de igual modo, dignos de menção a apreciável robustez (menos devido à nobreza dos materiais do que por via da solidez construtiva) e uma decoração capaz de fazer jus às formas da carroçaria. Já o melhor lugar a bordo beneficia de forma evidente da correcta disposição dos pedais, volante e alavanca da caixa de velocidades, da boa ergonomia e do painel de instrumentos orientado na direcção do condutor.

Motores para todos os gostos

Opções de motores é algo que também não falta ao novo Ibiza. A oferta tem início com o 1.0 MPI, um três cilindros de 999 cc integralmente em alumínio, com injecção multiponto e 75 cv, seguindo-se-lhe as suas variantes 1.0 TSI de 95 cv e 115 cv, ambas com injecção directa de gasolina a 250 bar, turbocompressor, intercooler e variador de fase sobre a admissão e o escape. Do mesmo argumentário dispõe o 1.5 TSI de 150 cv (ainda que, aqui, a pressão máxima de injecção seja de 350 bar), a disponibilizar lá mais para o final do ano.

No campo dos turbodiesel, será possível escolher entre as versões de 95 cv e 115 cv do conhecido 1.6 TDI. Sendo este, também, o primeiro modelo do segmento a propor um motor apto a consumir gás natural comprimido, na sua derivação 1.0 TSI GNC de 90 cv.

De série, os novos Ibiza com menos de 115 cv montam uma caixa manual de cinco velocidades, dispondo os restantes de uma transmissão, também manual, de seis relações. A única excepção é a versão 1.5 TSI, disponível apenas com a caixa DSG de dupla embraiagem e sete relações, a qual é proposta como opção para as variantes 1.0 TSI de 115 cv e 1.6 TDI de 95 cv. Como se prova, há muito por onde escolher.

Económico, competente e divertido

Ainda que a nova gama Ibiza se divida por todas estas opções de motores e transmissões, repartidas por quatro níveis de equipamento (Reference, Style, FR e XCellence), a grande aposta da Seat, em Portugal vai para a versão 1.0 TSI FR de 115 cv. Justamente a que foi possível conduzir na apresentação do modelo em Barcelona, e a ideal para comprovar a pretensão da marca espanhola – de que o seu utilitário seria uma referência do mercado também no capítulo dinâmico.

E as primeiras impressões dificilmente poderiam ter sido mais positivas. Desde logo importando sublinhar que os Ibiza FR, para além do look mais desportivo, que lhes é conferido pelo difusor traseiro, pelas grelhas dianteiras especificas, pelas ponteiras de escape exclusivas e por alguns elementos em preto, usufruem ainda da suspensão desportiva, mais firme e rebaixada 15 mm, e também dotada de uma barra estabilizadora dianteira mais grossa e do amortecimento electrónico com dois níveis de regulação (Normal e Sport) – sistema que, a seu tempo, também estará disponível para as versões XCellence, aí com um modo adicional, mais vocacionado para o conforto.

Anunciando um consumo combinado de 4,7 l/100 km, 195 km/h de velocidade máxima e 9,3 segundos nos 0-100 km/h, o Ibiza 1.0 TSI FR de 115 cv mostrou-se, de facto, um automóvel muito agradável de conduzir. O seu moderno e solícito motor, além de bastante suave e silencioso para uma unidade com esta arquitectura, responde prontamente às solicitações do acelerador, mesmo a baixo regime, tirando pleno partido de um binário de 200 Nm constante entre as 2.000 rpm e as 3.500 rpm, o que facilita em muito a condução em cidade, onde se move com grande à vontade, não sendo aqui nada complicado alcançar consumos abaixo dos 6,0 l/100 km.

Em estrada, o tricilíndrico continua a primar pela frugalidade, até pela facilidade com que consegue manter ritmos bastante interessantes sem exigir frequente recurso à caixa de velocidades, com o conforto de marcha a situar-se, também ele, em plano de destaque. E se o objectivo for apimentar um pouco mais a condução, nada como selecionar o modo de condução Sport (existem, também, os modos Eco, Normal e Individual), tirar partido da suspensão desportiva e do enorme aumento de rigidez trazido pela plataforma MQB A0, e atacar um troço sinuoso, daqueles repletos de curvas mais retorcidas, com toda a confiança.

Aí, o bom feeling da rápida e precisa direcção, a competência do sistema de travagem, o correcto controlo dos movimentos da carroçaria e um chassi capaz de garantir reacções sempre sãs e previsíveis acabam por garantir um desempenho eficaz e divertido. Esta é, sem dúvida, uma excelente base, e só é pena que a Seat, desta feita, e pelo menos para já, não preveja vir a criar uma versão Cupra do novo Ibiza, o que, a confirmar-se, o impedirá de rivalizar com os mais dotados pequenos desportivos do mercado.

Aposta tecnológica

O novo Ibiza integra também uma série de soluções tecnológicas em distintos domínios, ainda raras no segmento em que se insere. De série ou em opção (especificações aqui), fazem parte deste lote os sistemas de alerta de colisão dianteira, de travagem pós-colisão e multicolisão e de alerta de cansaço do condutor, assim como a travagem autónoma de emergência com reconhecimento de peões.

Mais orientados para o conforto, o cruise control adaptativo (quando combinado com a caixa DSG, executa a função de “pára-arranca” em engarrafamentos), o acesso e arranque sem chave, os sensores de estacionamento de nova geração, a câmara traseira com maior definição, o ecrã tátil em vidro de 8” do sistema de infoentretenimento, as ligações Apple Car Play, Android Auto e Mirror Link para smartphones e o carregador por indução para telemóveis com amplificação do sinal de GSM.

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Já disponível para encomenda, o novo Ibiza começará a ser entregue aos seus primeiros clientes no início de Junho, com os preços em Portugal (tabela completa aqui) a começarem nos 15.355€ pedidos pela versão 1.0 MPI Reference de 75 cv. A variante 1.0 TSI FR de 115 cv, a tal em que a Seat mais aposta para o nosso país, custa 19.783€ com caixa manual e 21.277€ com caixa DSG. Já o 1.0 TSI de 95 cv é proposto desde 20.073, o 1.5 TSI por 22.693€, o 1.6 TDI de 95 cv a partir de 20.073 e o 1.6 TDI de 115 cv desde 23.894 cv.

Quanto a níveis de equipamento, os Reference e Style são exclusivos das versões de 75 cv e 95 cv, a gasolina e Diesel, os FR e XCellence estão disponíveis para as variantes de 95 cv e 115 cv, com o 1.5 TSI a estar disponível apenas no nível FR. Referência final para o facto de as versões FR e XCellence serem vendidas ao mesmo preço, distinguindo-se entre si por estar a primeira mais vocacionada para o conforto e o requinte, e a segunda mais orientada para a desportividade.