O PSD critica a falta de reformas de fundo da “geringonça”, o Bloco de Esquerda responde. Travar o empobreciemento é em si mesmo uma “reforma estrutural importantíssima”. E prova disso, diz Catarina Martins, é o estudo ontem divulgado pelo Governo sobre o aumento do salário mínimo para os 557 euros. As conclusões apontam para o facto de não só ter reduzido as desigualdades como ter promovido o emprego. Tudo ao contrário do que diziam as confederações patronais, os partidos da direita, Bruxelas e até “alguns setores do PS”.

“Parar o empobrecimento do país é em si uma reforma importantíssima face ao que tem acontecido nos últimos anos”, começou por dizer, antes de realçar que o relatório “desmente tudo o que foi dito por confederações, pela direita, pela Comissão Europeia, e até por alguns setores do PS que temiam o aumento do salário mínimo nacional”, e as possíveis consequências para a destruição de emprego e o nivelamento dos salários por baixo.

Para a coordenadora bloquista, as conclusões agora apresentadas “desmentem” tudo isso. “Agora sabemos com números que não só não destruiu emprego, como foram criados mais postos de trabalho, e que com o aumento do salário mínimo nacional começa a existir valorização dos salários e isso está ligado à diminuição das desigualdades em portugal”, diz.

“Esta é forma de responder à pobreza e tornar a sociedade mais justa, e isto é uma reforma estrutural”, insiste, respondendo indiretamente às críticas repetidas pelo PSD, nomeadamente por Passos Coelho, que voltou a acusar o Governo de não fazer reformas estruturais esta semana durante as jornadas do PSD, que também decorreram no Algarve.

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A ideia do BE, e o que está escrito na posição conjunta com o PS, é de aumentar o salário para 600 euros até ao final da legislatura.

E terminou: “Começa a existir uma valorização dos salários em Portugal”, com o aumento do salário mínimo – que o BE pretende que seja de 600 euros até final da legislatura – a provar que “se pode fazer diferente” da direita e “há uma outra forma de olhar para a economia”.

“Trump olhou para o dinheiro e não para o futuro do planeta”

A coordenadora do Bloco de Esquerda considerou ainda que o presidente norte-americano, Donald Trump, olhou para o dinheiro e não para o futuro do planeta ao retirar o seu país do acordo de Paris sobre o clima. “Se fosse um banco já estava salvo. E o que Donald Trump decidiu fazer foi olhar para o dinheiro e não olhar para o futuro”, disse Catarina Martins, falando na mesma conferência de imprensa em Portimão, à margem das jornadas parlamentares do Bloco no Algarve.

Definindo como “importante” que 195 países tenham reconhecido no acordo de Paris a necessidade de defender o planeta Terra, a líder bloquista declarou que os lobbys das “indústrias extrativas, do petróleo” foram preponderantes na decisão financeira e não com visão para o futuro de Donald Trump. Isto porque o presidente dos Estados Unidos da América anunciou na quinta-feira que o país iria abandonar o acordo, justificando a decisão com a desvantagem que o acordo climático representa.

Concluído em 12 de dezembro de 2015 na capital francesa, assinado por 195 países e já ratificado por 147, o acordo entrou formalmente em vigor em 4 de novembro de 2016, e visa limitar a subida da temperatura mundial reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa. Portugal ratificou o acordo de Paris em 30 de setembro de 2016, tornando-se o quinto país da União Europeia a fazê-lo e o 61.º do mundo.

O acordo histórico teve como “arquitetos” centrais os Estados Unidos, então sob a presidência de Barack Obama, e a China, e a questão dividiu a recente cimeira do G7 na Sicília, com todos os líderes a reafirmarem o seu compromisso em relação ao acordo, à exceção de Donald Trump.

Mas Catarina Martins não se limitou a criticar Donald Trump. Criticou também a “hipocrisia” dos partidos políticos portugueses — todos eles — que chumbaram recentemente um projeto de lei apresentado pelo BE e pelo PAN para travar as explorações de petróleo no Algarve. Um projeto “essencial”, disse, porque 2se queremos ser ambientalmente responsáveis temos de assumir consequências”. “É bom que haja menos lágrimas de crocodilo”, disse.