O sistema de comunicações SIRESP – Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal – não esteve a funcionar durante catorze horas e meia, durante o incêndio no concelho de Pedrógão Grande. Mais concretamente, entre as 19h de sábado e as 9h30 de domingo, impedindo assim as comunicações entre bombeiros, GNR e Proteção Civil.
A informação é avançada, esta sexta-feira, pelo jornal i.
O SIRESP deixou de funcionar depois das antenas no local terem ardido. As comunicações só foram restabelecidas quando chegou ao local uma antena móvel.
Um artigo do Expresso, publicado na quarta-feira, explica que “às 23 horas de sábado, foram acionados os procedimentos necessários para que duas das estações móveis da rede SIRESP se encaminhassem para a zona de Pedrógão Grande”. No entanto, apenas uma chegou ao local, já que a antena da GNR encontra-se danificada desde a vinda do Papa Francisco a Fátima e as duas antenas do MAI não têm ligação satélite. De acordo com o i, essa antena só chegou às 8h30 de domingo.
As falhas no SIRESP é uma das causas apontadas para a tragédia na Estrada Nacional 236-1, onde morreram 47 das 64 pessoas durante o fogo, que teve início no sábado por volta das 14h.
A verdade é que os relatos sobre o que se passou com este sistema de comunicações são contraditórios. Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros, referiu ao i que o SIRESP “faliu durante algumas horas na tarde de sábado”. Situação que “obviamente teve implicações” no teatro de operações.
Esta versão de Marta Soares contraria o que foi dito pelo secretário de Estado da Administração Interna, na noite de sábado. Jorge Gomes assumiu a falha do SIRESP, mas sublinhou que isso não tinha comprometido a comunicação entre os operacionais no terreno. O mesmo explicou o comandante operacional da Proteção Civil, Vítor Vaz Pinto, durante os vários briefings ao longo dos últimos dias, ressalvando que as falhas na rede “eram muito curtas, inferiores a um minuto”.
Já a ministra da Administração Interna, numa entrevista à RTP, falou apenas em “intermitências”: “A informação preliminar que tenho é a de que não houve uma falha total, houve intermitências, a fibra ótica foi destruída pelo incêndio mas foram colocadas às 20 horas [de sábado], se a memória não me falha, redes móveis satélites para assegurar a rede SIRESP”, explicou Constança Urbano de Sousa.
SIRESP volta a falhar. Como funciona este sistema de emergência que falha nas catástrofes?
O comandante operacional da Proteção Civil esclareceu, no briefing desta sexta-feira, que, em Góis, não houve “qualquer tipo de problema com as comunicações ao nível do SIRESP”.