Os London Grammar eram um dos nomes improváveis do cartaz desta sexta-feira. Num dia dominado pelo hip-hop, os britânicos pareciam ter caído de paraquedas no Parque das Nações, vindos de sabe-se lá de onde. O MEO Arena, onde fica o palco principal do Super Bock Super Rock, esteve a meio gás, mas ainda assim não faltaram fãs entusiastas nas primeiras filas com as letras na ponta da língua. Hannah Reid, Dan Rothman e Dot Major notaram, e agradeceram a receção àquela que foi a sua primeira vinda a Lisboa, uma cidade “muito bonita”.

A música dos London Grammar é difícil de descrever. Não há um género que a defina por completo. Para explicar o que acontece quando Reid, Rothman e Major se juntam é preciso recorrer a uma rol de palavras — ambient, etéreo, trip hop. Há quem prefira falar nas referências clássicas, outros preferem compará-los (inevitavelmente) a Portished ou chamar-lhes pura e simplesmente uma banda pop com eletrónica à mistura. Mas, acima de tudo, para falar dos London Grammar, é preciso falar da voz incomparável de Hannah Reid, à volta da qual tudo gira. A melodias que saem da guitarra de Rothman e do teclado de Major só fazem sentido na presença dela — servem para complementar aquela que é uma das vozes mais interessantes da cena pop britânica. E quando tudo se junta, acontece magia.

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Mágico foi também o concerto desta sexta-feira. Percorrendo os grandes singles dos únicos dois álbuns da banda (If You Wait e o recente Truth Is a Beautiful Thing, deste mesmo ano). O canto de Reid — frágil, melancólico, forte quando tem de ser — embalou a noite. O palco — minimalista — ajudou a construir o cenário ideal. Sob uma plataforma luminosa, que parecia levitar, os London Grammar levaram o público a outras paragens, ilustradas pela série de fotografias que ia passando no fundo (florestas, desertos, cidades iluminadas durante a noite). Porque há beleza tanto no interior como no exterior, e o trio sabe disso.

Os London Grammar não são dados a grandes falas, mas fizeram questão de agradecer os muitos aplausos que foram recebendo ao longo do concerto. No final, saíram com um sorriso. “Obrigado! Vocês foram fantásticos!”, disseram. Do outro lado, na plateia, o público também sorria.

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