Pierre Moscovici, comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, visita Portugal esta terça-feira, tendo reuniões agendadas com o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e com o primeiro-ministro, António Costa (Mário Centeno estará ausente do país), um amigo de longa data. “Fomos juntos vice-presidentes do Parlamento Europeu e é um homem determinado a fazer com que a economia portuguesa se torne mais forte e sólida, respeitando as regras europeias”, destaca numa entrevista à RTP, onde abordou o orçamento de 2018.

Direi que há que controlar os eventuais efeitos da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos para que Portugal permaneça de forma durável abaixo dos 3%. Mas, antes de mais, é uma visita para atestarmos os bons progressos feitos em conjunto, em prol de uma economia portuguesa mais forte, em prol de um Portugal respeitador das suas obrigações europeias e por uma política que seja credível, o que é também um indício para os mercados. Desde que faça os seus esforços, desde que o crescimento regresse, desde que as finanças públicas estejam controladas, parece-me lógico que os investidores, as agências de notação e os mercados estarão a favor. Não se reflete tanto porque existe um pequeno desfasamento entre essa parte e a perceção de que é uma realidade duradoura. Acredito que é esse o caso de Portugal”, comentou o comissário europeu.

A economia portuguesa está numa via de crescimento sustentável e há que continuar a fazer tudo para que esse crescimento seja o maior possível. Daí que a Comissão continue a fazer recomendações ao Governo de António Costa sobre reformas efetuadas para aliviar as cargas administrativas”.

O crescimento económico de Portugal foi uma surpresa, uma boa surpresa que se traduz em melhorias concretas, a recuperação da atratividade, o turismo que funciona e a vontade do país de avançar. Isso é encorajado por reformas que há que continuar, mas que vão no sentido correto. A economia portuguesa está numa via de crescimento sustentável e há que continuar a fazer tudo para que esse crescimento seja o maior possível. Daí que a Comissão continue a fazer recomendações ao Governo de António Costa sobre reformas efetuadas para aliviar as cargas administrativas”, prosseguiu Moscovici, antes de focar algumas prioridades concretas:

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Há que trabalhar para que o setor bancário continue a melhorar o seu desempenho, a reduzir os créditos mal parados e, igualmente, a melhorar o mercado de trabalho para que seja menos segmentado, para se reduzir os contratos a tempo parcial e para se lutar de forma determinada para se fazer recuar o desemprego de longa duração”.

Ao mesmo tempo, Moscovici abordou também a importância de manter a evolução positiva a dois níveis: consolidação das finanças públicas e encorajamento à expansão, favorecendo o investimento. No fundo, e numa só ideia, uma política que consiga chegar à ideia fundamental do equilíbrio.

“Penso que não devemos opor o travão ao investimento. Depois da crise, o programa aceite por Portugal devia ser um programa capaz de consolidar as finanças públicas. Este esforço foi indispensável. A esse respeito, alegro-me com a boa notícia que a Comissão anunciou, que Portugal saiu do procedimento de défice excessivo. Foi um país abrangido, depois foi um país pós-programa e agora tem esse défice abaixo dos 3% de forma durável e assim deverá continuar. Tudo isso é um dado de confiança nos esforços envidados”, frisou.

O caminho correto é aquele que enverede por uma política equilibrada, com políticas orçamentais controladas e uma estratégia macro-económica virada para o crescimento, que não passe obrigatoriamente por mais despesa pública mas sim por uma melhor qualidade da despesa pública. Deve ser uma despesa pública que seja mais orientada para o investimento”, afirmou o comissário francês.

Para além disso, é útil ter agora uma política que encoraje a expansão, que favoreça o investimento, sem ser uma política dispendiosa que crie ou volte a criar défice. O caminho correto é aquele que enverede por uma política equilibrada, com políticas orçamentais controladas e uma estratégia macro-económica virada para o crescimento, que não passe obrigatoriamente por mais despesa pública mas sim por uma melhor qualidade da despesa pública. Deve ser uma despesa pública que seja mais orientada para o investimento”, concluiu o comissário europeu.