A Grécia estará prestes a avançar para uma emissão de dívida de longo prazo, segundo várias fontes de mercado que falaram nos últimos dias com agências noticiosas como a Bloomberg. A confirmar-se, será a primeira operação no mercado desde o verão de 2014, quando, sob a liderança do conservador Antonis Samaras, o país teve uma “falsa partida” no regresso aos mercados — antes de o governo ter sido derrubado e a ascensão ao poder do Syriza ter originado um confronto com os credores europeus que colocou Atenas com um pé fora da zona euro no verão de 2015.
“Parece que está iminente e seria um sinal positivo para o mercado, de que a crise acabou”, diz Diego Ferro, investidor ligado à Greylock Capital Management, citado pela Bloomberg. Segundo um analista do UBS, o mais provável é ser uma linha de obrigações com maturidade daqui a 5 anos, com um montante entre dois e quatro mil milhões de euros.
O Ministério das Finanças, liderado por Euclid Tsakalotos, tem dito que não irá apressar-se no regresso aos mercados mas as condições favoráveis dos últimos meses podem ser demasiado tentadoras para o Governo de Alexis Tsipras, que quer dar um sinal positivo aos investidores externos e quer fazer todos os possíveis para que a dívida grega passe a estar elegível para o programa de compras do Banco Central Europeu (BCE).
O BCE não tem incluído a dívida grega nas compras massivas de obrigações europeias que está a fazer desde a primavera de 2015, juntando-se ao Fundo Monetário Internacional (FMI) na suspeita de que a dívida pública grega não é sustentável, apesar dos sucessivos perdões e reestruturações dos últimos anos. Contudo, com o acordo no Eurogrupo obtido em meados de junho, para mais um desembolso financeiro, os credores europeus poderão estar mais perto de trazer o FMI para o terceiro resgate (em curso(. Além disso, tal como com Portugal, Bruxelas recomendou a saída da Grécia do Procedimento por Défices Excessivos.
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Com a expectativa de que o BCE poderá, em breve, passar a comprar também dívida grega, os juros da dívida no mercado (nas transações feitas entre investidores de dívida antiga) têm vindo a cair, nas poucas linhas de obrigações que o Estado grego tem ativas. Títulos com maturidade a 10 anos estão a ser negociados com juros pouco inferiores a 5%, pelo que numa maturidade menor (como os 5 anos previstos pelo UBS), o juro pago aos investidores poderá ser menor. Segundo o Financial Times, a taxa poderá rondar os 4,5%, numa operação que poderá avançar nas próximas semanas.
Um porta-voz do governo grego diz que o país “não está interessado numa jogada de relações públicas” e que só será emitida dívida quando houver boas perspetivas para a dívida grega (para evitar que os títulos desvalorizem nos primeiros dias após a emissão, o que poderia ser contraproducente). O Kathimerini diz que o Governo teve várias reuniões com bancos de investimento nos últimos dias e que a emissão não acontecerá para já, mas os planos existem. Se a emissão não ocorrer nas próximas horas, o Governo poderá esperar mais alguns dias, até que o FMI publique a sua mais recente edição da Análise à Sustentabilidade da Dívida grega.