São 64,65, 80 ou mais ainda? Nos últimos dias cresceram as dúvidas sobre o número real das vítimas do incêndio de Pedrógão. O primeiro-ministro — que no domingo tinha dito que “já está tudo esclarecido” — sobre esta matéria não se quis comprometer com um número final. António Costa destacou que a “dimensão desta tragédia não se mede pela dimensão dos números” e até abriu margem a que possam ser mais, dizendo que “a dimensão desta tragédia não era menos se tivesse sido metade o número de pessoas a falecer”. Pressionado pelos jornalistas a ser mais claro, o chefe de Governo atirou: “Não é o Governo que contabiliza [os mortos].”

António Costa voltou a escudar-se nas “autoridades”, dizendo que se elas apurarem que o número de mortos é maior, esse passará a ser o número oficial. Porém, não compete, no entender do primeiro-ministro, ao Governo assumir essa contagem. O chefe de Governo diz que é o Instituto Nacional de Medicina Legal que tem de fazer a fazer essa contagem e exorta quem tenha mais informações a comunicá-las ao Ministério Público e à Polícia Judiciária: “Se alguém tiver conhecimento de um maior número de mortes deve comunicar a essas entidades.”

Costa tentou depois explicar o procedimento, dizendo que “todas as aldeias foram vistas casa-a-casa pelas autoridades, quer por técnicos da Segurança Social, quer pela Guarda Nacional Republicana, quer pelas Forças Armadas, que fizeram vistorias à zona ardida, mas também à área florestal envolvente”. O primeiro-ministro admite ainda que “seria intolerável que houvesse qualquer dúvida por ficar esclarecida”.

António Costa destaca ainda que “a estatística não altera a realidade. As pessoas ou estão vivas ou faleceram.” O primeiro-ministro diz ainda que “a lista de desaparecidos” foi toda verificada e foram “todos identificados”.

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Minutos antes de António Costa, a ministra da Administração Interna reforçou que o número oficial é que 64 pessoas morreram no incêndio de Pedrógão Grande, acrescentando que o processo está nas mãos do Ministério Público e em segredo de justiça.

O Governo não mantém uma lista secreta“, afirmou Constança Urbano de Sousa, em declarações aos jornalistas. A governante afirmou que todas as pessoas que morreram “em consequência direta” do fogo foram identificadas pelo Instituto de Medicina Legal.

Os critérios de aferição das vítimas — queimaduras e inalação de fumo — foram definidos pela Polícia Judiciária e pelo Ministério Público, “a quem compete investigar todas as mortes”.

Constança Urbano de Sousa adiantou ainda que a lista das vítimas, “devidamente certificada pela PJ e pelo Instituto de Medicina Legal”, está com o Ministério Público e constam de um processo que está em “segredo de justiça”. “Não é o Governo que tem a lista, é o Ministério Público”.

A ministra acrescentou ainda que as seguradoras poderão aceder à lista para efeitos de indemnizações e que o relatório da GNR será conhecido no final do mês.

O semanário Expresso dava conta este fim de semana de, pelo menos, mais uma vítima que terá morrido durante o incêndio.

Lista de mortos de Pedrógão Grande exclui 65ª vítima, que morreu a fugir do incêndio