De que falamos quando falamos de erotismo? A palavra gera muitas confusões e a primeira está na tentativa de fazer do erotismo um sinónimo de sexualidade. No entanto, de há algum tempo para cá, essa confusão parece ter atingido os media, as redes sociais, a literatura, a opinião pública em geral. De tal forma que um livro como As 50 Sombras de Grey vende milhões sob o epíteto de “erótico” como se não fosse apenas uma versão alargada dos muito estimáveis romances cor-de-rosa da Harlequim Books (em Portugal comercializados pela editora Abril sob os nomes de Bianca, Júlia, Sabrina), os Corin Tellado lidos nos anos 60 e 70. Pior, é como se atrás dele não existissem milénios de literatura Erótica (assim mesmo, com “E” maiúsculo), do bíbico Cântico dos Cânticos aos poemas de Sapho, da Arte de Amar de Ovídio aos livros de Sade, de Sacher-Masoch a Henry Miller onde o erotismo se manifestava na sexualidade mas não só. Manifestava-se na linguagem, nos elementos, na moral, nas verdadeiras transgressões que se faziam aos códigos sociais e religiosos de cada tempo.
Regra número 1: “não há erotismo sem transgressão”, como explica George Bataille nesse ensaio fundamental chamado, justamente, O Erotismo (ed. Antígona).
O fenómeno 50 Sombras de Grey e as suas sequelas literárias (e cinematográficas) que, em pleno século XXI, eram lidas nos transportes públicos devidamente escondidas dentro de uma capa de tecido pintado de ingénuas florzinhas, ou espreitados nas livarias e hipermercados por grupos de mulheres soltando risinhos coloca-nos face a uma realidade surpreendente: depois da revolução sexual começada nos anos 60 e concluída nos anos 90, depois de as telenovelas brasileiras e de os Big Brothers televisivos marginarem com a pornografia, as mulheres gostam de saber os meandros do sadomasoquismo e do bondage mas acham que isso ainda é uma vergonha. Pior: no início de agosto o mesmo Portugal das cantigas de amigo obscenas, de Camões, de Bocage e de Herberto Helder agita-se com um suposto “conto” escrito pela apresentadora de televisão Cristina Ferreira e publicado na revista com o mesmo nome. O exíguo texto, intitulado Do que as mulheres gostam no sexo, tem como ponto alto a frase “quero que me ‘piques’ durante a refeição, que tenhas vontade de me comer”, o que nos dá conta de que, segundo Ferreira, as mulheres querem muito pouco do erotismo. A saber: querem coisas estranhas como “ser picadas”(e não, não é “picadas”com um garfo, ao bom estilo SDM. Aqui, a palavra “picar” quer apenas dizer que Cristina Ferreira não encontrou no dicionário palavras como “provocada”, “tentada”,”seduzida”, “excitada” e limitou-se a usar o jargão adolescente). Segunado o imaginário de Ferreira as mulheres do século XXI ainda querem “ir para um motel” (como sinónimo de transgressão?) e querem “sexo em grupo com outra mulher” (porque se fosse com dois homens isso podia indiciar um nível de depravação inaceitável). Perdem as mulheres e perde a Língua Portuguesa.
Regra número 2: o erotismo, porque ligado à transgressão, está ligado à morte e ao sagrado. Eros não era o deus da sexualidade era o deus das ligações e o seu oposto Tanatos, deus da morte e da desligação. Ora sem Eros e Tanatos não há erotismo.
Com o mesmo tipo de imaginário erótico, sexual e linguístico ergue-se das sombras das redes socais um novo fenómeno literário destinado ao público feminino. Dá pelo nome Afonso Noite-Luar, e o livro, publicado pela Manuscrito/Presença, tem como título Nada menos que tudo. Porque o “Nada” não pode ser mais nem menos. O Nada é Nada, não tem intensidades, categorias, variações, logo não contém qualquer erotismo. Eis um excerto:
“(…) Barrei-lhe a saída com o braço e perguntou-me com um olhar sedutor a vinte centímetros do meu rosto ‘o que é que tu queres?’. Fui direto ao assunto ‘a tua boca’. Ficamos em silêncio durante uma fração de segundo com os olhos colados um no outro e logo depois atirei-me à boca dela. Correspondeu com a mesma vontade. Devoramo-nos ali, à entrada do quarto, até que a virei de costas para mim e enquanto lhe beijava o pescoço desci-lhe as calças e as cuecas quase até aos joelhos (…)”.
Quanto ao erotismo estamos conversados, e não é porque o autor usa aqui e ali expressões como “o meu pau” que a coisa vai longe, ou não fosse a comparação entre “pau” e “pénis” um lugar comum tão velho que os bichos da madeira já o devoraram.
Regra 3: o erotismo não se resume aos uso dos órgão sexuais. Erotismo é uma forma de ligação impulsionada por um desejo. O que impulsiona o erotismo é a busca de algo que não se tem, o Outro. Logo, o principal veículo do erotismo é a linguagem, verbal e não verbal. Quem tem uma linguagem pobre vai ter sempre um erotismo pobre. Esta relação fundamental entre a palavra e o erotismo está magistralmente tratada por Pascal Quignard no livro Vida Secreta (ed. Notícias) a precisar urgentemente de ser reeditado por cá.
Quem vai mesmo mais longe, quando um novo conservadorismo triunfa em toda a linha, é Manuel S. Fonseca da editora Guerra&Paz que, depois de ter publicado, num só volume, o bíblico Cântico dos Cânticos e o livro licencioso Manual de Civilidade para Meninas de Pierre-Félix Louÿs, volta agora ao escritor francês libertino, do final do século XIX, início do século XX, para iniciar uma coleção de livros eróticos.
Três filhas de sua Mãe, de 1910, foi traduzido pelo poeta João Moita, e narra as aventuras de um jovem estudante com as quatro mulheres que lhe aparecem como vizinhas, precisamente uma mãe e as três filhas, cada uma com a sua idade, a sua experiência ou inexperiência, os seus desejos. Os livros de Louÿs foram considerados muito subversivos e uma dessas “subversões” era a importância que ele dava à sexualidade feminina, como celebrava o desejo sexual das mulheres (e o seu direito a ele), mas também as perversões, a capacidade transgressora, impúdica e libertina das mulheres. A Mulher e o Fantoche é a sua obra mais aclamada e teve adaptações ao cinema de Josef von Sternberg (com Marlene Dietrich), de Luis Buñuel e de Julien Duvivier. Foi publicada há uns anos pelo Círculo de Leitores.
Eróticos Guerra & Paz terá continuidade apenas em 2018 e o responsável editorial, em entrevista ao Observador, prefere não anunciar ainda os títulos seguintes mas afirma que o seu objetivo “é lançar um conjunto de livros clássicos e contemporâneos, de prosa, poesia e ensaio onde o tema seja o erotismo mas não sejam necessariamente aquilo que o tempo e a história da literatura definem como erótico. Não sou um editor convencional e não quero publicar coisas convencionais”. E cita o poema de Herberto Helder, Amor em Visita, como “uma das coisas mais eroticamente grandiosas da literatura portuguesa das últimas décadas”:
Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra
e seu arbusto de sangue. Com ela
encantarei a noite.
Dai-me uma folha viva de erva, uma mulher.
Seus ombros beijarei, a pedra pequena
do sorriso de um momento.
Mulher quase incriada, mas com a gravidade
de dois seios, com o peso lúbrico e triste
da boca. Seus ombros beijarei.(…)
Questionamos Manuel S. Fonseca, que além de editor da Guerra & Paz é cronista de cinema no jornal Expresso, sobre se, no tempo das novas tecnologias, quando há uma liberdade sexual impensável há apenas 40 anos, quando basta um click para aceder a conteúdos eróticos e pornográficos na internet, onde a publicidade banalizou os corpos e a sensualidade, se ainda é possível o erotismo?
“Acredito que vai continuar a haver pessoas a escreverem e a filmarem o erotismo, ainda que de outra forma. Talvez precisemos de afastar essa ideia de que erotismo tem que ter sexo. Ora o erotismo é também a expressão de um tempo se este tempo é diferente talvez tenhamos que procurar literatura contemporânea erótica que não obedeça ao erotismo como nós nos habituamos a pensá-lo. Penso que agora que as imagens parecem esgotadas talvez os grandes livros eróticos do futuro sejam aqueles onde o principal veiculo de transgressão será a linguagem e não as relações sexuais”.
Grande literatura erótica, para quem só se contenta com muito
Seja porque as regras morais das sociedades contemporâneas eliminaram muitos interditos em relação à sexualidade e às ligações entre os corpos e o mundo em redor, seja porque as tecnologias criaram formas de proximidade que já não precisam de presença física, seja porque o novo milénio trouxe um novo puritanismo como reação ao excesso de imagens hiper-sexualizadas que circulam no espaço público e os milennial parecem ter substituído o desejo de encontros sexuais por um novo romantismo, a verdade é que a literatura erótica e o cinema erótico que foram pujantes nos anos 60 e 70 e foram declinando nos anos 80 para quase desaparecerem no novo milénio ou surgirem numa versão comercial kitsch que envergonharia a grande dama do romance cor-de-rosa, Barbara Cartland.
Os homens, que foram os principais produtores de literatura erótica, parecem ter-se recolhido num sofrimento melancólico devido à ascensão social feminina (veja-se o livro de contos de Frederico Pedreira, Um Bárbaro em Casa,ed. Língua Morta que, apesar das inúmeras fragilidades, nos dá um curioso retrato deste mal estar que os homens das novas gerações desenvolveram em relação ao corpo e à sexualidade feminina que sentem como inalcançável ). Por outro lado, as mulheres parecem ter trocado a sua emancipação social, sexual, financeira, por um definitivo desejo cristão de amor, casamento e uma casa com piscina. Ou será que, como questiona o filósofo italiano Emmanuele Coccia, a nossa busca do prazer está hoje quase totalmente dirigida aos objetos de consumo? Será que o erotismo do século XXI só se pode encontrar na nova relação erótica com a comida (e veja-se a abundante literatura que se produz sobre o tema e a ascensão mediatica dos Chefs tornados alvo do mais puro fascínio erótico), com marcas de ténis ou gadgets tecnológicos.
Em Portugal, que já produziu muitos e bons escritores e poetas eróticos, vemos que este tema está hoje reduzido (ainda) aos poetas da Geração 61, como Maria Teresa Horta ou Casimiro de Brito, que pouco dizem a quem cresceu nos anos 80 e viu filmes como Nove Semanas e Meia de Adrian Lyne, Lua de Mel, Lua de Fel, de Polansky, Henry & June de Philip Kaufman, quem leu Al Berto, Luís Miguel Nava ou Herberto Helder, quem não idealizou a revolução sexual mas efectivamente a viveu. Onde estão os novos escritores e poetas eróticos em Portugal? A Douda Correria acaba de fazer sair Caim e Lilith, um diálogo erotizante entre duas figuras bíblicas, escrito pela poeta Sandra Andrade, que pode marcar o renascimento do erotismo na nova lírica portuguesa.
Eis que um leito acolheu, cúmplice, dois amantes;
diante das portas fechadas da alcova, ò Musa, sustém o passo!
Espontaneamente, sem a tua ajuda, palavras mil hão-de ser ditas
e não se quedará inerte no leito a mão esquerda;
hão-de os dedos inventar que fazer naqueles sitios
em que, às escondidas, mergulha as suas setas o Amor…”
[Ovídio, livro II, Arte de Amar]
É certo que na nossa tradição os poetas têm feito mais pelo erotismo do que os romancistas: da lírica trovadoresca a Camões — o que é o episódio da Ilha do Amor (e não dos Amores) senão um grande momento de erotismo?– de Bocage a Florbela Espanca, Natália Correia ou, mais recentemente a Fátima Maldonado, Helder Macedo no seu poema longo Romance ou Nuno Júdice na novela O Complexo de Sagitário.
O romance erótico tem sido pouco cultivado entre nós com algumas exceções, como o erotismo relutante de Eça de Queiroz, em especial no Primo Basílio, as Novelas Eróticas de Manuel Teixeira Gomes, ou O Amor é Fodido de Miguel Esteves Cardoso. Depois há toda uma escola de romancistas cuja capacidade de trabalhar o erotismo redunda normalmente em desgraça ou apenas em mau gosto como os casos famosos de José Rodrigues dos Santos, Miguel Sousa Tavares ou Hans Nurlufts (pseudónimo literário de João Soares).
Como nota Pascal Quignard em Vida Secreta, a boca e os olhos são os mais importantes órgãos do erotismo. Os olhos por onde entram as imagens que vão alimentar o nosso imaginário e a boca, que recebe o alimento e a linguagem (curiosamente o latim mostra como estas ligações arcaicas mama (seio e mãe) e ama (a que cuida/amor). Ambas as palavras com vários “a” e “o” redondos como a boca do bebé que recebe a comida e como os primeiros sons que a sua garganta emite antes de dominar a verbalização das palavras.
Não obstante a escassa produção de romances eróticos em Portugal, há por todo o mundo obras primas que construiram o imaginário sobre o erotismo. Desde o oriental Kamasutra, a outros menos explícitos mas não menos transgressores, como A Arte de Amar, de Ovídio, pai de toda a literatura erótica Ocidental, a obras como Lolita de Nabokov, A Morte em Veneza de Thomas Mann, Pantaleão e as Visitadoras de Mário Vargas Llosa, A Casa dos Budas Ditosos de João Ubaldo Ribeiro, Axilas & outras histórias Indecorosas de Rubem Fonseca, As Sobrinhas da Viúva do Coronel , de Guy de Maupassant, A História de O de Pauline Réage, pseudónimo de Anne Desclos… Não há, portanto, desculpa para nos termos tornado analfabetos eróticos. E deixamos sugestões, do romance à biografia, do ensaio à poesia.
“Cântico dos Cânticos”
O Cântico dos Cânticos é um momento de apoteose poética, onde o sagrado e o profano convivem na mesma exaltação do encontro erótico entre os corpos. Obra que se tornou símbolo maior do erotismo sexual, religioso e amoroso, onde se evoca a nostalgia do momento em que os corpos não estavam para sempre divididos e entregues a uma solidão ontológica inultrapassável. Onde se evoca o segredo, a busca, a ausência e onde o erotismo é, antes de tudo, a tentativa de encontrar o absoluto no cerne de cada ser.
“Filosofia de Alcova”, Marquês de Sade
A Filosofia de Alcova, publicado em 1795, não é “p’ra meninos”. Que é como quem diz, não é para quem torce o nariz às pulsões mais violentas, agónicas e mortais que fazem parte do humano. Não é certamente para quem considera, como Rosseau, que o Homem nasce bom e é corrompido pela sociedade. A Filosofia de Alcova, mais do que um livro erótico sobre a educação perversa que recebe a jovem e pura Eugénia, é um livro político que influenciou profundamente autores como Freud, Maurice Blanchot, Pierre Klossowsky. Sobre ele escreveu o poeta Paul Éluard: “Sade quis devolver ao homem civilizado a força dos seus instintos primitivos, quis desembaraçar a imaginação amorosa dos seus próprios objetos. Julgou que daí, e só daí, nasceria a verdadeira igualdade(…)”
“Novelas Eróticas”, Manuel Teixeira Gomes
Uma das coisas mais eróticas destas novelas de Teixeira Gomes é a Língua Portuguesa. A mestria com que ele usa as palavras, o ritmo, faz confluir o mundo interior e exterior, como funde o explícito e o implícito, o manifesto e o latente. Nestas histórias curtas, publicadas pela primeira vez em 1935, encontramos a celebração da beleza e juventude dos corpos masculinos e femininos mas também dos elementos, do cosmos e do caos. O erotismo, e Teixeira Gomes compreendeu-o tão bem como Bataille está intimamente ligado à morte, às festas pagãs, à violência.
“Henry & June”, Anaïs Nin
Este livro é apenas uma parte dos diários eróticos da escritora francesa Anaïs Nin e retrata o envolvimento amoroso da escritora com Henry Miller, outro autor fundamental da literatura erótica, e com a mulher deste, June. Henry & June, que deu origem ao filme homónimo é maravilhosamente escrito, colocando o enfoque na busca feminina do prazer que se faz na ultrapassagem de interditos vários entre eles a homossexualidade.
“A Vida Sexual de Catherine M.”, Catherine Millet
Em 2001, o entusiasmo de Eduardo Prado Coelho convenceu-nos a ler a biografia sexual da famosa curadora e crítica de arte francesa no livro A Vida Sexual de Catherine M. A obra não é grande coisa, convenhamos, mas serviu para uma geração de jovens provincianos descobrirem como uma mulher pode viver de forma verdadeiramente libertina e sobretudo dos prazeres do sexo em grupo. Foi um bestseller em vários países.
“O Erotismo”, Georges Bataille
Este ensaio de George Bataille, escritor e filósofo francês, devia ser obrigatório para qualquer pessoa que pense escrever — e não somente um livro, um conto ou um poema erótico, mas quem quer pensar a cultura, a arte, a política. O erotismo é uma viagem histórica, social, antropológica e filosófica às origens do erotismo nas primeiras comuniddaes humanas, na sua relação com o aparecimento no homem de uma consciência simbólica, uma consciência do sagrado, do trabalho, da guerra, etc. Tributário dos estudos de Marcel Mauss mostra como o erotismo está sempre ligado aos interditos e à sua transgressão.
“Teoria King Kong”, Virginie Despentes
Embora seja um livro que em grande parte revisita as teorias de Bataille, este ensaio da polémica cineasta francesa Virginie Despentes, saiu recentemente em Portugal na Orfeu Negro, é já um marco nos estudos de género, e apesar da má fama da sua autora não é um livro siderado pela histeria feminista. Virginie aborda a sexualidade feminina e masculina e a construção de interditos e preconceitos que impossibilitam que homens e mulheres tenham uma vivência livre do seu erotismo. Um dos pontos de partida do livro está nas vivências tidas pela autora durante os anos em que trabalhou como prostituta.
“Amor em Visita”, Herberto Helder
É provável que a tribo cada vez maior de “donos” de Herberto Helder fique chocada por esta poesia ser considerada erótica. Mas certamente só quem tem uma visão exígua do erotismo e da poesia do autor pode recusar-lhe esta dimensão. O corpo, o órgão sexual feminino, o sangue menstrual e a sua relação com os astros, as constelações, os ritmos da natureza formam uma grande tessitura erótica, no sentido de Eros, como deus tutelar das ligações cósmicas. Se no Amor em Visita esse fulgor erótico é claro e pujante, noutros poemas da sua obra encontramos de novo esta expressão profunda de vida e morte, da religiosidade através da sexualidade. É a própria linguagem que transgride os seus códigos e o corpo da língua portuguesa é levado aos limites.
“Antologia de Poesia Erótica de Satírica”, org. Natália Correia
Esta antologia que atravessa toda a história literária portuguesa é também um marco na resistência e luta contra o fascismo. Publicada pela primeira vez em 1966, levou Nátalia Correia e o seu editor Ribeiro de Mello, da Afrodite, a um processo em tribunal que resultaria na sua condenação. Começando no século XIII vai até ao século XX e engloba autores inesperados como Antéro de Quental ou Fernando Pessoa. Esta antologia tem ainda um cultíssimo prefácio de Natália Correia precisamente sobre o erotismo.