A organização terrorista basca ETA disse esta quarta-feira que é preciso aprender “as lições da Catalunha” e iniciar no País Basco um processo independentista que deve ser protagonizado pela cidadania e através de meios civis e democráticos.

Através de um comunicado divulgado através do jornal Gara, a ETA refere que não pretende assumir qualquer posição no processo (da Catalunha) porque diz ter consciência de que não vai ser um “agente principal” no atual ciclo político.

No texto publicado a propósito do “Gudari Eguna” (Dia do Soldado), a organização terrorista diz que o Estado espanhol enfrenta um “problema estrutural” porque o “‘crack’ económico juntou-se à crise política, institucional, social e territorial” considerando que as “brechas do regime de 1978 (transição) são evidentes”.

Atualmente o processo catalão é a principal realidade com capacidade para quebrar esse regime”, acrescenta o documento.

Para a ETA, o “processo” da Catalunha pressupõe que os catalães “empreenderam um caminho independentista para alcançar a democracia”, o que significa uma “lição” para o País Basco.

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O texto ataca o Partido Nacionalista Basco (PNV) porque mantém o apoio ao governo do Partido Popular de Mariano Rajoy considerando lamentável que o ‘lehendakari’ (presidente do governo autónomo), Iñigo Urkullu se tenha manifestado contra o referendo na Catalunha. A ETA indica que a “necessidade de mudança é evidente” e que, por isso, “todos aqueles que acreditam na mudança” não têm desculpas para não pôr em marcha um novo processo.

A organização frisa que o “processo” – no sentido da independência – “deve ter como protagonistas o povo e os cidadãos” defendendo a “acumulação de forças” e empenho popular “como ingredientes”.

O objetivo é “exercer esse direito, muito mais do que conseguir o reconhecimento desse direito”, lê-se no comunicado que reitera que a “ETA não tem como intenção dirigir o processo” porque, sublinha, tem consciência de que não vai ser um agente principal no ciclo político atual e no que se aproxima.

Nesse sentido, apela ao envolvimento dos “independentistas de esquerda, durante os próximos anos”, no “novo processo”, acusando o Estado espanhol de ser uma “prisão para os povos”. A organização, responsável pela morte de 829 pessoas desde os anos 1970 nas ações pela independência do País Basco e Navarra, abandonou oficialmente a luta armada em 2011.