A secretária-geral adjunta socialista fez o balanço a uma “vitória histórica do PS” e limitou a leitura negativa dos resultados à “derrota estrondosa do PSD”. Quanto a um eventual mal-estar no parceiro parlamentar PCP — que perdeu dez câmaras e quase todas para o PS — Ana Catarina Mendes diz que está segura que a “solução governativa está sólida, não sai beliscada destas autárquicas”.

O PS roubou nove câmara ao PCP, ainda assim os socialistas contornam a interpretação desse capítulo da noite eleitoral e atiram-se à direita. “O grande derrotado da noite tem um rosto: Pedro Passos Coelho. A receita da direita voltou a ser derrotada nas urnas”, disse a secretária-geral adjunta na conferência de imprensa de balanço final das autárquicas que fez esta segunda-feira, na sede nacional do partido. E logo a seguir estancou outras leituras nacionais: “Não podemos confundir resultados locais com análise nacionais, por muito tentadoras que sejam. A nível nacional só há uma leitura a vitória do PS que dá força à mudança que há dois anos iniciámos no país”. A “geringonça” não é afetada, garantem os socialistas.

Esta solução de Governo está sólida, não sai beliscada destas eleições autárquicas e tem aliás ainda mais força para que a solução governativa, no quadro parlamentar, possa prosseguir o rimo que iniciámos há dois anos”.

E por que motivo o PS ganhou tantas câmaras ao PCP? “Porque tivemos os melhores candidatos e isso, aliado ao desgaste de algumas das gestões autárquicas, deu a vitória ao PS”. Ainda em relação aos comunistas, Ana Catarina Mendes insiste que o PCP também já veio dizer, em entrevista à Antena 1, que o resultado não põe me causa a solução de Governo. “O quadro parlamentar tem sido estável e vai continuar”, concluiu.

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Sobre o PS em Lisboa e a perda da maioria absoluta, a secretária-geral adjunta diz que isso “não enfraquece” Fernando Medina e que “em dois mandatos anteriores António Costa também ficou sem maioria”. Na realidade, Costa só não teve maioria no governo do município em 2007. Em 2009 e em 2013 conseguiu sempre a maioria dos mandatos, nove em 2009 e 11 em 2013. Mas Ana Catarina Mendes insiste que “a cidade não ficará sem soluções para prosseguir o projeto que tem para a cidade” e que Medina “saberá encontrar as melhores soluções para a governabilidade da cidade”.

Quanto aos números da noite eleitoral, Ana Catarina Mendes diz que o partido atingiu “todos os objetivos”: “Foi o partido mais votado em 16 dos 18 distritos do continente e nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto”. Em números, eis a “vitória histórica que ninguém pode contestar” que o PS reivindica:

  • Vitórias de listas do PS em 159 câmaras;
  • Vitória em duas coligações onde o PS entrou: Funchal e Felgueiras;
  • Vitória em quatro municípios em que o PS apoiou listas independentes: Anadia, Aguiar da Beira, São João da Pesqueira e Calheta;
  • Número final: 165 câmaras onde o PS passa a ter influência.

Ana Catarina Mendes sublinhou ainda que o partido tem não só “o melhor resultado de sempre em autárquicas, como o melhor resultado na história do poder local de qualquer partido em Portugal”. A Comissão Política Nacional do PS vai reunir-se esta quarta-feira à noite para analisar os resultados eleitorais.