Mais empresas espanholas estão a decidir — ou, pelo menos, a admitir — retirar as sedes sociais de Barcelona e de outras cidades da Catalunha, perante a crescente incerteza em torno da possível declaração unilateral de independência. O caso mais recente a ser noticiado é o da gigante Gas Natural Fenosa, e há mais um banco com um pé fora da Catalunha.

O El Mundo noticiava esta sexta-feira que a Gas Natural Fenosa convocou um conselho de administração para esta tarde para discutir um plano de contingência que passa por retirar o domicílio fiscal da Catalunha em caso de independência – um plano que a administração entretanto aprovou, o que significa que a energética vai transferir a sua sede de Barcelona para Madrid, para a avenida San Luis, onde já se encontravam os escritórios da Gas Natural e cerca de 1.600 funcionários.

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Há também um banco, o Mediolanum, que, segundo o El Confidencial, vai passar a sede para Valencia — mantendo, contudo, para já, a sede operacional e o grosso dos trabalhadores em Barcelona. A decisão foi tomada para salvaguardar os interesses dos clientes, manter a máxima normalidade e assegurar condições para o desenvolvimento da atividade normal.

O caso dos bancos é o mais preocupante, porque já existem indícios de que alguns clientes estão a retirar depósitos com receio de uma quebra entre Barcelona e Madrid, que poderia atirar os bancos catalães para fora da zona euro e da jurisdição do Banco Central Europeu (BCE). O CaixaBank, dono do BPI, decidiu esta sexta-feira sair de Barcelona para Valência, depois de ter sido noticiado que iria para Palma de Maiorca.

Caixabank, dono do BPI, sai da Catalunha para Valência

Já o Sabadell, ex-acionista do BCP, decidiu mudar a sede de Barcelona para Alicante. Entre os responsáveis do Caixabank, a opção por Valência não terá sido consensual — alguns administradores preferiam Madrid, por estar mais próximo dos reguladores e onde o Caixabank já tem a sede fiscal de uma filial, o MicroBank. Mas a opção foi Valência, já que Madrid poderia enviar um sinal político que o banco considera indesejável.

A saída, ou possível saída, de empresas da Catalunha não se limita, contudo, aos bancos. Esta sexta-feira é notícia a hipótese de a Freixenet, que produz espumantes e tem sede em Sant Sadurní d’Anoia (Barcelona), também admitir a hipótese de sair da Catalunha.

Outro exemplo é o da têxtil Dogi International, que decidiu mudar-se para Madrid para “otimizar as operações e as relações com os investidores”.

O El Confidencial faz um relato das manobras de bastidores sobre esta matéria — a permanência das empresas catalãs ou saída para outros locais. O protagonista, do lado catalão, é o vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, que há vários dias tem a agenda em branco.

Junqueras reuniu-se pessoalmente com o presidente do Sabadell, Josep Oliu, e com o líder do La Caixa, a fundação que detém o CaixaBank. O vice do governo regional pediu-lhes para não alterarem a sede, saindo da Catalunha.