A Justiça espanhola quer que Josep Lluís Trapero, o major da polícia catalã acusado de sedição após o referendo de 1 de outubro, fique detido preventivamente sem possibilidade de sair com fiança. A juíza que está com este caso, Carmen Lamela, decidiu esta segunda-feira, após duas horas de audiência, deixar o chefe dos Mossos d’Esquadra sair em liberdade mas perde a posse do seu passaporte e o direito a sair do país. A “Fiscália” deverá recorrer da decisão nos próximos dias.

Decorre há duas semanas a investigação ao chefe dos Mossos d’Esquadra, tal como outras pessoas destacadas na hierarquia da polícia catalã, pelo crime de sedição. O caso remonta a 20 de setembro, quando uma concentração de 40 mil pessoas em torno da conselheria da Economia do governo regional catalão, enquanto membros da procuradoria-geral faziam buscas para impedir a realização do referendo de 1 de outubro. Os fiscais, tal como os agentes de segurança que os acompanharam, terão sido impedidos de sair do edifício durante 18 horas.

Punível até 15 anos de prisão, segundo o código penal espanhol, este crime consiste em “levantar pública e tumultosamente para impedir, pela força ou fora das vias legais, a aplicação de leis ou qualquer autoridades (…) o legítimo exercício das suas funções (…) e das funções administrativas ou judiciais”.

Chefe dos Mossos d’Esquadra investigado por suspeitas de sedição

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Além de Josep Lluis Trapero, também foram indiciados Jordi Sánchez, Jordi Cuixart, tal como uma “subordinada” do chefe dos Mossos d’Esquadra. No próprio dia 1 de outubro, foram abertas seis investigações aos Mossos d’Esquadra e os cinco maiores sindicatos da polícia espanhola avisaram que iam fazer queixa judicial contra a polícia catalã, com especial atenção para o seu chefe.

A decisão foi anunciada esta segunda-feira pelas 18h00 (menos uma hora em Lisboa), em que a juíza responsável pelo caso negou as exigências da “Fiscália” (Ministério Público espanhol) de aplicar a medida de coação de prisão preventiva. Trapero sai em liberdade, mas obrigado a entregar o passaporte, e impedido de sair do país — semelhante à medida de coação de termo de identidade e residência.

A polícia catalã foi alvo de várias críticas por parte das restantes forças de segurança espanholas antes e durante o referendo de 1 de outubro, para o qual tiveram ordens para suspender. Dias antes daquela consulta popular, que o Tribunal Constitucional declarou ser ilegal e proibiu, foi tornada pública uma circular interna dos Mossos d’Esquadra onde Josep Lluis Trapero dava instruções para que fosse evitada “violência”, incluindo em casos de resistência pacífica. O chefe da polícia catalã pedia aos agentes catalães para que tivessem “em conta quais as consequências de uma possível intervenção policial, evitando um mal maior”.

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