O filme “Comboio de Sal e Açúcar”, do cineasta moçambicano Licínio Azevedo, venceu quatro prémios no Festival Internacional de Cinema de Carthage, na Tunísia, disse esta terça-feira o realizador à Lusa.

“Foi uma maravilhosa sensação. São prémios que valorizam o nosso trabalho”, declarou Licínio Azevedo.

Além de ter vencido o “Troféu de Ouro”, a mais importante categoria na distinção da melhor longa-metragem de ficção, o filme ganhou os prémios “Federação Internacional de Críticos de Cinema” e “Federação Africana de Críticos de Cinema”, bem como a distinção de “Melhor Fotografia”.

O “Comboio de Sal e Açúcar” resulta de uma adaptação do livro com o mesmo nome, escrito há 15 anos por Licínio Azevedo e que narra a história de uma enfermeira que se apaixona por um militar durante a viagem de um comboio que, em plena guerra civil moçambicana, procura chegar ao seu destino sob iminente perigo de confrontos militares.

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“Distinções como esta, umas principais aqui, motivam qualquer realizador”, observou o cineasta.

Dos 170 países que participaram no festival, 14 concorriam para a melhor longa-metragem de ficção.

“Espero mesmo que isto sirva para que haja mais financiamento para ficção, porque o país está cheio de bons produtores”, acrescentou o realizador, que critica a cadência de três a quatro anos entre cada lançamento de um filme de ficção no país devido à falta de verbas.

A falta de apoio a projetos de ficção tem levado os cineastas moçambicanos a apostarem no documentário institucional, um género em que o país ganhou experiência e em que é uma referência a nível regional.

O “Comboio de Sal e Açúcar” juntou a produtora portuguesa Ukbar Filmes e a moçambicana Ébano Multimédia e só foi possível devido aos apoios do Ministério da Defesa e dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), que disponibilizaram, respetivamente, armas e uma locomotiva para a gravação.

A película junta atores de Moçambique, Angola e Brasil e já foi premiada em outras ocasiões.