A Polícia Nacional de Angola deverá reforçar o combate ao negócio da venda ilegal de divisas nas ruas, uma das quatro prioridades que o Presidente angolano, João Lourenço, estabeleceu para as novas chefias nomeadas esta semana.

O chefe de Estado exonerou na segunda-feira o comandante-geral da Polícia Nacional, comissário-geral Ambrósio de Lemos, e o chefe do Serviço de Inteligência e de Segurança Militar, general António José Maria, nomeando respetivamente, para os mesmos lugares, o comissário-geral Alfredo Mingas e o general Apolinário José Pereira.

A posse de ambos aconteceu ao final do dia, no palácio presidencial, em Luanda, tendo João Lourenço alertado para os “níveis preocupantes” atingidos pelo tráfico de drogas e de moeda estrangeira, a criminalidade violenta e a imigração ilegal, esta associada nomeadamente ao garimpo de diamantes no leste.

“Nos dias de hoje, elas, no seu conjunto, acabam por constituir também, a exemplo do que foi a guerra no passado, uma grande ameaça à paz dos cidadãos, à segurança nacional e ao próprio desenvolvimento da economia nacional”, apontou o Presidente angolano.

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No caso da venda de divisas na rua, apesar dos preços especulativos com taxas de câmbio a mais do que o dobro da cotação oficial, trata-se de uma alternativa, para angolanos e estrangeiros, face à falta de moeda estrangeira nos bancos.

“Com as nomeações que acabámos de fazer, depositámos confiança nos oficiais generais aqui presentes, que vão estar à frente dos serviços de inteligência (sic) e segurança militar, bem como da Polícia Nacional, e que não eles apenas, mas juntamente com todos nós, com todas as instituições do Estado e não só, com a própria sociedade civil, temos a responsabilidade de encarar de frente essas quatro ameaças a que me referi”, exortou João Lourenço.

O novo comandante da Polícia Nacional, comissário-geral Alfredo Mingas “Panda”, foi entretanto exonerado do cargo de embaixador de Angola em São Tomé e Príncipe e já hoje apresenta-se publicamente no Ministério do Interior, em Luanda.

Alfredo Mingas “Panda” prometeu “priorizar a cooperação com os outros organismos do Estado” no combate à criminalidade no país.

“Vamos procurar envolver toda a sociedade, a sociedade civil, as famílias. Nós vamos imprimir naturalmente uma nova dinâmica na disciplina dos efetivos e vamos pedir à nossa população para colaborar com as autoridades, com a polícia, na prevenção e no combate à criminalidade”, apontou o comandante-geral da polícia angolana.

Estas exonerações marcam mais uma quebra com o poder que João Lourenço recebeu, na sequência das eleições gerais de 23 de agosto, de José Eduardo dos Santos, que esteve no poder 38 anos.

O general António José Maria, tido como do círculo mais próximo do ex-Presidente da República, foi nomeado para aquelas funções, na liderança da secreta militar, em 2009, por José Eduardo dos Santos, enquanto o comissário-geral Ambrósio de Lemos foi nomeado comandante-geral da Polícia Nacional de Angola em 2006, e reconduzido nas funções sucessivamente pelo chefe de Estado.