Os profissionais de saúde das prisões vão passar a ter acesso aos antecedentes clínicos dos reclusos e será criado um sistema de telemedicina na sequência de um protocolo assinado esta terça-feira pelos Serviços Prisionais e o Ministério da Saúde.

Até ao final do ano serão abrangidos pelo sistema de telemedicina mais de 3.300 reclusos — das cadeias do Linhó (546), Sintra (574), Lisboa (1.053) e Porto (1.155). Os restantes estabelecimentos prisionais terão disponível o serviço de telemedicina até ao final de 2018.

Ao acederem aos sistemas informáticos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), os profissionais de saúde das prisões passam a ter conhecimento dos antecedentes clínicos dos reclusos e podem dar continuidade a eventuais tratamentos que os detidos estivessem a receber quando estavam em liberdade, evitando-se assim a interrupção de uma terapêutica para uma doença crónica, com os consequentes custos financeiros e para a saúde do doente.

Atualmente é feito um pedido de agendamento de consultas por parte de cada cadeia, e no dia da realização da consulta, a prisão assegura o transporte do recluso para a Unidade de Saúde, com as necessárias medidas de segurança.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Segundo dados do Ministério da Justiça, em 2016 foram realizadas 33.200 diligências de reclusos ao exterior para efeitos de saúde, número que este protocolo pretende reduzir.

Na cerimónia, o diretor de Reinserção e Serviços Prisionais, Celso Manata, destacou os “ganhos económicos e para a saúde” desta parceria, lembrando que os reclusos foram privados da liberdade, mas não da dignidade nem dos direitos constitucionais.

O ministro da Saúde insistiu na ideia de que Portugal é um país envelhecido, com parcos recursos, e que o caminho por “fazer o mesmo ou melhor com menos dinheiro” é através de “soluções partilhadas”.

A ministra da Justiça lembrou que a população prisional varia entre os 13.500 e os 14 mil reclusos e que muitos sofrem de patologias crónicas ou dependências (droga e álcool), sendo necessário dar continuidade a tratamentos que estivessem a receber quando estavam em liberdade.

Esta parceria, impedirá “a duplicação de exames de diagnóstico” e “ter conhecimento do passado clínico das pessoas para definir o seu futuro”, disse Francisca Van Dunem, lembrando que anualmente se realizam cerca de 33 mil saídas por questões de saúde.

Estas soluções tecnológicas vão libertar agentes e infraestruturas para as restantes diligências, saídas para tribunal e depoimentos, contribuindo para uma melhoria significativa nas atuais condições de trabalho nos estabelecimentos prisionais.

O protocolo foi assinado pelo diretor-geral dos Serviços Prisionais, Celso Manata, e pelo Presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Henrique Martins, e homologado pela ministra da Justiça e pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.