Os presidentes de alguns dos principais bancos portugueses consideraram esta quarta-feira que já foi feita grande parte da reestruturação das instituições que dirigem, mas admitiram que o processo não está terminado e que terá de continuar.

“Tem de continuar. A primeira fase de reestruturação está completa, com reforço de capital básico, melhoria da eficiência […], [mas] vamos ter que continuar a evoluir e bastante a capacidade de nos adaptarmos, inovarmos é essencial”, afirmou o presidente do BCP, Nuno Amado.

Pela CGD, Paulo Macedo, concordou que a “reestruturação irá continuar” e recordou que o banco público tem já um plano para a fazer até 2020, acordado com a Comissão Europeia após o aumento de capital.

Já José Morgado, presidente da Caixa Económica Montepio Geral, considerou que a “reestruturação está concluída”, mas que “o ciclo de transformação tem de continuar”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Por seu lado, o presidente do Novo Banco, António Ramalho, considerou que o ano de 2017 “encerra um processo de instabilidade” para a banca portuguesa, mas admitiu que “reabre um processo incertezas de futuro”.

O presidente do Novo Banco, entidade nascida na resolução do BES em 2014 e que em outubro passado foi vendido ao fundo norte-americano Lone Star, deixando de ser público na maioria do capital, considerou que os bancos têm desafios em termos de “reinvenção do modelo de negócio, que seguramente não é o que funcionou até hoje”, até porque há várias pressões à atividade central da banca, desde mudanças nos sistemas de pagamento até inovações tecnológicas.

O presidente da Caixa Económico Montepio Geral, Félix Morgado, concordou com Ramalho, tendo considerado que “2017 é o ano da estabilização” e considerando que o banco mutualista tem “dado o seu contributo” nesse sentido.

Esta quarta-feira no Fórum Banca reuniram-se os presidentes dos principais bancos portugueses — Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Novo Banco, Montepio e Crédito Agrícola — tendo ficado apenas a faltar representantes do Santander Totta e do BPI.

Nos últimos anos, os bancos têm vindo a levar a cabo programas de reestruturação para aumentar receitas e reduzir custos, melhorando a eficiência operacional.

A vice-governadora do Banco de Portugal, Elisa Ferreira, disse esta quarta-feira, também no Fórum Banca, que entre 2011 e 2016 diminuiu em 1.852 o número de balcões (-30%), sendo no final do ano passado 4.454.

Já na redução de trabalhadores, saíram dos bancos a operar em Portugal 11 mil trabalhadores, sendo os funcionários dos bancos 46.069 no final do ano passado.

Já este ano, há que somar os 1.300 trabalhadores que saíram dos cinco principais bancos (CGD, BCP, Santander Totta, BPI e Novo Banco) até setembro, pelo que desde 2011 o sistema bancário perdeu mais de 12 mil postos de trabalho.

Para o futuro, pelo menos o futuro próximo, as perspetivas é que a redução de trabalhadores continuará. Aliás, só até final deste ano mais pelo menos 500 trabalhadores saíram dos principais bancos, tendo em conta os anúncios já feitos por CGD e BPI.