A Associação de Lesados em Obrigações e Produtos Estruturados (ALOPE) da PT/Oi vai avançar com uma petição para o caso ser discutido no parlamento, estando também a negociar com uma sociedade gestora de fundos para reclamação de créditos.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da ALOPE, Francisco Mateus, explicou que aquela entidade “vai iniciar uma recolha de assinaturas para petição pública para levar o caso ao parlamento”.

Para isso, terão de recolher 4.000 assinaturas, número que desce para 1.000 para o caso ser apreciado na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, sendo esse o primeiro objetivo.

“Não se prevê intervenção estatal no nosso caso, mas [os deputados] podem pressionar as partes para virem negociar connosco e, assim, resolver a situação”, acrescentou.

A iniciativa foi decidida numa assembleia-geral da associação que decorreu no sábado ao final do dia no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, contando com cerca de 200 associados de um total de 600.

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De acordo com Francisco Mateus, em cima da mesa esteve também o início das negociações com a Investquest – Sociedade Gestora De Patrimónios, para que os lesados da associação recuperem parte dos investimentos.

“Foram eles [Investquest] que vieram ter connosco e o que pretendem é reunir todos os direitos judiciais dos associados da ALOPE, meter tudo dentro de um fundo e vender esses direitos a outros investidores”, explicou.

O responsável precisou que caberá à sociedade gestora de fundos “adiantar o dinheiro às pessoas, enquanto fica com os direitos judicias e avança para a Justiça” com vista à recuperação de mais investimentos.

Depois, “dependendo do que recuperem, dão mais [dinheiro] ou não” aos lesados, acrescentou, notando que a sociedade ficará com uma comissão.

Contudo, “ainda não se sabe a percentagem” com que a Investquest ficará, já que a ALOPE só agora foi legitimada para iniciar o processo de negociação”, adiantou Francisco Mateus.

“Se a proposta não for minimamente aceitável, nem a apresentaremos aos associados”, ressalvou o responsável.

Francisco Mateus disse ainda que esta é apenas uma solução.

Entre outras opções, a ALOPE continua a projetar avançar para os tribunais nos próximos meses contra os bancos e empresas a si associadas que, em Portugal, venderam obrigações da PT/Oi sem, alegadamente, fornecerem as informações necessárias.

Para isso, “está praticamente concluído” o reconhecimento desta como uma associação de investidores por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o que permitirá estar isenta de algumas custas judiciais, referiu o responsável.

“A partir desta fase, a CMVM inicia um processo de mediação de conflitos que reúne ambas as partes para se chegar a uma solução amistosa, mas como isso não deverá acontecer, como se verificou em casos semelhantes de lesados, a ALOPE vai iniciar o processo de notificação judicial a todos os envolvidos e está a preparar várias ações coletivas” no início do próximo ano, indicou Francisco Mateus.

A Oi esteve num processo de fusão com a PT, o qual não se concretizou e entrou com um pedido de recuperação judicial em junho do ano passado, por não conseguir negociar a dívida.