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A história por detrás do urso esfomeado que emocionou a National Geographic

Este artigo tem mais de 5 anos

Uma equipa da National Geographic encontrou um urso polar esfomeado e à beira da morte no Canadá. O vídeo suscitou dúvidas: alguém ajudou o animal? Onde está ele agora? As respostas chegaram.

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CRISTINA MITTERMEIER

CRISTINA MITTERMEIER

Um vídeo viral da National Geographic está a chocar o mundo por mostrar imagens de um urso polar esquelético à beira da morte na Ilha de Baffin (Canadá). As imagens foram captadas por Cristina Mittermeier — fotógrafa da revista e líder da organização conservacionista Sea Legacy — no final do verão, mas só foram publicadas a 5 de dezembro nas redes sociais.

De acordo com os relatos da ativista, a equipa da National Geographic decidiu “ficar ali a chorar, a filmar enquanto as lágrimas corriam pelo rosto até ao peito” para que pudesse “partilhar com o mundo inteiro aquela tragédia”. O vídeo já é mais um dos símbolos mais brutais das consequências das alterações climáticas. Mas também levantou dúvidas: porque é que a fotógrafa não interveio?

No vídeo, que pode ver acima, um urso esfomeado arrasta-se por um terreno seco, que tinha sido um acampamento para pescadores, à procura de comida. O urso tem apenas pele a cobrir os ossos, os pelos que o deviam proteger do frio são escassos e uma das pernas não se mexe porque os músculos estão atrofiados. O animal ainda tenta procurar comida num caixote de lixo deixado por pescadores da tribo Inuit mas, derrotado por não encontrar alimento, deita-se na erva e fecha os olhos.

Questionada sobre porque é que não interferiu para dar comida ao animal, Cristina respondeu: “Claro que isso me passou pela cabeça, mas não ando com um tranquilizador atrás nem com 400 libras de peixe às costas”, sugerindo que nada que pudesse fazer naquele momento poderia salvar o urso. E acrescentou:

Quando os cientistas dizem que os ursos estão em extinção, quero que as pessoas entendam como é que isso é. Os ursos estão a morrer de fome. É assim um urso esfomeado.”

A National Geographic decidiu explicar melhor porque é que Cristina Mittermeier e Paul Nicklen, o biólogo que a acompanha, não ajudaram o urso. Os dois responderam: “Estávamos demasiado longe de qualquer vila para conseguir ajuda para o animal. E aproximarmo-nos de um predador esfomeado, especialmente sem termos armas, seria uma loucura. No final, fizemos apenas uma coisa: usámos a minha câmara para nos certificarmos que conseguíamos partilhar esta tragédia com o mundo”, disseram em vídeo. Paul Nicklen acrescentou que “alimentar este animal apenas ia prolongar a sua miséria” e que, “além disso, no Canadá é ilegal alimentar ursos polares selvagens”.

Entretanto, Cristina Mittermeier já reagiu aos comentários nas redes sociais: “Estou a tentar não ficar magoada ou triste pelos muitos comentários negativos gerados por esta história e, em vez disso, estou a concentrar-me nas milhares de reações positivas que recebemos. As respostas às mudanças climáticas estão disponíveis e muitas podem ser encontradas nas escolhas pequenas e grandes que todos fazemos todos os dias”, escreveu no Facebook.

Os dois funcionários da National Geographic sabem pouco sobre o animal que filmaram no leito da morte. Sabem apenas que a estrutura óssea e a magreza comprovam que está a morrer de fome e que os músculos estão a ficar atrofiados porque o organismo os tem consumido na ausência de comida. Os cientistas não conseguem dizer se o urso polar tem alguma doença, mas dizem que é impossível o animal ter chegado a este ponto por causa de parasitas: esta espécie é pouco sensível a doenças. Sem sinais de ferimentos ou cicatrizes, Steven Amstrup, líder da Polar Bears International só tem um diagnóstico: “Este urso está claramente subnutrido. Tem claramente sintomas de fome”.

Mas será que tudo isto é mesmo culpa do aquecimento global? Sim, dizem os cientistas. O problema é que o facto de as temperaturas do planeta terem aumentado faz com que o gelo sazonal derreta mais cedo e volte mais tarde, deixando os ursos polares dependentes da gordura corporal durante mais tempo do que é normal porque não podem caçar. Em comparação com 1979, esse gelo sazonal já ocupa uma área 2,6 milhões de quilómetros quadrados mais pequena. Isso é mau para os ursos polares, que precisam de carne para sobreviver e que normalmente se alimentam de focas. Acontece que as focas são ótimas nadadoras e raramente chegam a terra, mas os ursos polares não: este predador carnívoro só apanha as focas quando elas estão no gelo. Sem gelo, as focas nadam distâncias maiores. E os ursos polares não as conseguem apanhar.

Ninguém sabe se o urso polar morreu ou não: Cristina Mittermeier filmou o animal em finais de agosto “até quando as condições foram favoráveis”: quando o inverno chegou, a equipa saiu da ilha porque as condições climatéricas tornaram-se demasiado severas. No entanto, as esperanças de sobrevivência do urso polar eram poucas: terá morrido, no máximo, dois dias depois destas filmagens.

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