Inés Arrimadas, a candidata que levou o Ciudadanos ao primeiro lugar nas eleições da Catalunha, ainda não desistiu de tentar liderar o governo regional. Sem maioria no parlamento, Arrimadas acredita que o bloco independentista acabará por ruir, deixando espaço para que os conservadores possam formar governo. Mas não dará qualquer passo em falso. Para a líder do Ciudadanos na Catalunha, a bola está no campo dos independentistas: eles que tentem formar governo, primeiro; se falharem, como Arrimadas acredita que vão falhar, então será a vez dos conservadores.

Em entrevista ao El País, Arrimadas colocou as coisas nestes termos: “Não desisti de [tentar formar governo], antes que haja novas eleições. Calma, isto acabou de começar. Nunca dissemos que não íamos tentar. Esta sensação de urgência existe porque o PP e o PSOE vieram pedir para tomar posse no dia seguinte às eleições. Porquê? Porque assim não se fala do resultado desastroso que tiveram”, explicou a líder do Ciudadanos na Catalunha.

Nessa mesma entrevista, aliás, Arrimadas não poupa críticas aos socialistas espanhóis. “O PSOE passou a campanha toda a dizer que não me ia fazer presidente. Acho muito estranho que um dia depois das eleições me estejam a pressionar. Estão mais apostados numa estratégia partidária do que numa estratégia [a favor] dos constitucionalistas. Se o PP e o PSOE estivessem a pensar mais no constitucionalismo do que em jogos partidários, não teriam essa estratégia. As estratégias seguidas pelo PP e pelo PSOE têm sido desastrosas para o constitucionalismo na Catalunha”, criticou.

Colocando toda a pressão em Carles Puigdemont e nos partidos que apoiam o independentismo — se querem formar governo, que assumam a iniciativa –, Arrimadas garantiu que não vai dar qualquer passo em falso. “Se não forem capazes [de formar governo] — e há muitas hipóteses de não o conseguirem — teremos a obrigação de propor uma alternativa e é isso que vamos fazer. Mas só quando se colocar e não agora como Puigdemont queria. Puigdemont queria que me apresentasse a 18 de janeiro para tomar posse, para que falhasse”, notou.

Para já, a única manobra dos Ciudadanos foi constituir a mesa do parlamento regional, como forma de controlar todo o processo parlamentar. Recorde-se que foi a anterior composição da mesa, favorável à causa independentista, que legitimou os resultados do referendo de 1 de outubro, num processo muito contestado pela oposição. Arrimadas não está disposta a deixar-se ultrapassar e deixou um último aviso aos independentistas: “Não vão conseguir a independência”.

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