A agência Moody’s elogia a gestão ativa que tem sido feita da dívida pública portuguesa, designadamente através dos reembolsos antecipados ao FMI, mas deixa um aviso claro: “os níveis totais de endividamento continuam comparativamente muito elevados, em cerca de 127% do Produto Interno Bruto (PIB)” e, portanto, a agência acredita que as taxas de juro de Portugal nos mercados financeiros “vão, provavelmente, continuar a ser mais sensíveis a alterações nas tendências entre os investidores, em comparação com outros países periféricos“.

A nota consta de uma nota enviada esta segunda-feira aos clientes, em antecipação ao evento anual que a Moody’s promove em Lisboa esta semana. A agência de rating só tem agendada uma atualização ao rating português para o próximo dia 20 de abril, uma data importante já que a Moody’s é a única entre as quatro maiores agências que continua a atribuir à dívida de Portugal uma classificação de “alto risco”. O facto de a S&P e a Fitch (além da DBRS) já terem um rating favorável limita, até certo ponto, a importância que tem a notação da Moody’s, mas os comentários da agência não deixam, por isso, de ter importância para a opinião que os investidores têm sobre o investimento na dívida portuguesa.

Apesar deste alerta, a Moody’s reconhece que os reembolsos antecipados ao Fundo Monetário Internacional (FMI), substituindo essa dívida por obrigações emitidas a juros mais baixos no mercado, “melhoraram a resiliência da dívida face a possíveis desenvolvimentos no mercado”. A Moody’s assinala que a composição atual da dívida pública, em que as obrigações do Tesouro (emitidas em mercado) correspondem a menos de metade da dívida total, faz com que mesmo que as taxas de juro no mercado subam (moderadamente) o impacto será limitado sobre o custo total da dívida, que está em cerca de 3% (era 4,1% em 2011).

Ainda assim, avisa a Moody’s, comparativamente a outros países, Portugal será dos mais vulneráveis caso se inverta a relativa serenidade que tem existido nos mercados de dívida nos últimos anos, desde que o Banco Central Europeu (BCE) começou a intervir nos mercados com a compra de títulos de dívída pública (e privada) aos investidores.

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