Agora com sinal reforçado em Lisboa 98.7 FM No Porto 98.4 FM País / Novo Acordo Ortográfico Seguir Acordo ortográfico. O "elefante" vai continuar sentado na sala PSD até concorda com o PCP e o CDS também (em parte) sobre a necessidade de rever acordo ortográfico, mas preferem aguardar pelo grupo de trabalho que deve ter um relatório final entre abril e maio. Rita Tavares Texto 21 Fev 2018, 20:01 820 i JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR A imagem não é uma originalidade, mas foi a usada pelo deputado do PSD José Carlos Barros para se associar à preocupação do PCP que levou ao plenário um projecto de resolução — funciona como uma recomendação ao Governo — para desvincular Portugal do acordo ortográfico que tantas críticas tem suscitado. “O Governo vai continua a fazer de conta que não há nada para discutir quando está um elefante sentado no meio da sala?”, perguntou o social-democrata. O Parlamento vai deixar que assim seja, apesar de a maioria reconhecer o valor das 20 mil assinaturas da petição contra o acordo aprovado em 2011. O PCP não está sozinho nas críticas, e até conseguiria o apoio de PSD e CDS, mas os dois partidos vão deixar os comunistas sozinhos na hora da votação.Estas posições definem-se assim porque o está a ser tratado num grupo de trabalho e PSD e CDS preferem aguardar pelas conclusões que, segundo o deputado social-democrata, deve estar pronto entre abril e maio. Só aí os partidos de direita admitem tomar uma posição, sendo que a desvinculação do acordo é difícil. Ao Observador José Carlos Barros diz que isso traria vários problemas sobretudo no ensino, onde as novas regras ortográficas estão a ser aplicadas há sete anos. Mas, no plenário, o deputado associou-se às dores comunistas. A deputada do PCP Ana Mesquita sublinhou a inexistência de um acordo “commumente aceite e ratificado pelos países de língua portuguesa”.Há quem considere impossível voltar atrás, porque muitas crianças já aprenderam, mas não houve pejo em fazer experimentalismo ortográfico com os alunos que tiveram que o aprender”, argumentou a deputada comunista no plenário.O PSD apoiou, apontando “os problemas que o acordo traz para a estabilidade ortográfica”, mas ao Observador José Carlos Barros explicou que esta quinta-feira (dia de votações esta semana) o PSD não aprovará o projecto comunista, até porque aguarda o que sairá do grupo de trabalho. O mesmo foi dito pelo líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães que, no debate, afirmou existir “um conjunto de incertezas e impreparação que traz grandes implicações para a língua portuguesa e também nas relações externas de Portugal”. Deu depois uma justificação semelhante à do PSD: “O CDS defendeu criação de um grupo de trabalho, cujos trabalhos ainda estão a decorrer e vai que fazer ponto e situação do acordo ortográfico. Aguardamos que o relatório final, de onde esperam poder “retirar conclusões de um acordo que parece um desacordo”. Ainda que o projeto do PCP não tenha condições para ser aprovado, só o PS e Bloco de Esquerda o recusaram de forma clara. Diogo Leão, do PS, acredita que “os princípios que levaram aos estabelecimento do acordo continuam a ser relevantes para o PS”. E Jorge Campos, do BE, diz que o partido “não se revê no argumentário” comunista e “muito menos da pretensão de desvinculação do acordo”.O acordo começa num tratado internacional assinado em 1990, pelos países de língua portuguesa (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe) e o Governo português aprovou uma resolução, em dezembro de 2010 (segundo Governo de José Sócrates), a determinar a sua aplicação no ano letivo de 2011/2012. A partir de de 1 de janeiro de 2012 todos os serviços do Estado passariam, também, a aplicar o Vocabulário Ortográfico português que seria usado em todos os países lusófonos. Acontece que, 7 anos depois, há países, como Moçambique e Angola, que ainda não o ratificaram.Há também várias críticas de personalidades de peso (sobretudo no meio literário) que assinaram uma petição para retirar Portugal do acordo. Além disso, a Academia das Ciências declarou querer proceder à revisão do acordo que considera “ambíguo, omisso e lacunar, não estabelecendo uma ortografia única e inequívoca”.