A Economist Intelligence Unit (EIU) prevê um crescimento económico em Moçambique de 3,2% este ano, antecipando que entre 2019 e 2022 o país africano lusófono não regista uma expansão da economia acima de 5%.

“Depois do crescimento económico se ter afundado para o valor mais baixo dos últimos 15 anos em 2017, devido à fraca procura interna, esperamos que o crescimento do PIB se mantenha abaixo do potencial em 2018, em 3,2%, o que reflete as apertadas condições de liquidez e vai continuar a pesar fortemente no setor privado, a que se junta a incerteza política que afeta os investimentos em várias áreas”, escrevem os peritos.

Numa nota de análise à economia moçambicana, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os peritos da unidade de análise da revista britânica The Economist escrevem ainda que depois de 2018 esperam que o ritmo da recuperação económica seja “um pouco mais robusto, com a previsão de crescimento do PIB entre 2019 e 2022 a chegar aos 5%”.

No que diz respeito à inflação, a previsão da Economist aponta para um aumento dos preços na ordem dos 6,7%, ligeiramente acima do valor do ano passado, em que ficou nos 6%. “Esta previsão reflete os preços mais altos dos combustíveis e a depreciação da moeda”, dizem os analistas da Economist, notando que a inflação vai manter-se elevada em 2019, impulsionada pela despesa do Governo em período eleitoral, para depois abrandar para os 6,1% em 2020″, concluem os analistas.

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Em meados deste mês, o Governo moçambicano afirmou que a economia de Moçambique cresceu 3,7% em 2017: “O crescimento do Produto Interno Bruto foi de 3,7% […], acima da média da África subsariana”, referiu Ana Comoana, porta-voz do Conselho de Ministros, no dia 13 de fevereiro.

O valor fica abaixo dos 5,5% inicialmente programados pelo executivo, mas ainda assim em linha com o crescimento da economia mundial, e próximo da previsão feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em dezembro, no final de uma missão a Maputo, quando apontou para cerca de 3%, sem precisar.

O número fica acima da previsão do Banco Mundial, também datada de dezembro, que apontava para 3,1%. Quanto ao resto dos dados divulgados no final da reunião do Conselho de Ministros, Moçambique terá fechado o ano com uma inflação média de 15,1%, abaixo dos 15,5% programados pelo Governo e da inflação de 19,5% de 2016.

As Reservas Internacionais Líquidas cobrem 7,3 meses de importação, num cenário em que as exportações cresceram 1,9% e as importações travaram a fundo, com uma retração de 22,8% – em 2016 tinham caído 37,5%. O executivo apresentou ainda dados relativos à execução do Orçamento de Estado de 2017, apontando para uma redução do défice orçamental (após donativos) de 31% (estimado) para 22,7%.

De acordo com os números, a receita cobrada ficou 114,7% acima do previsto, rondando 214 mil milhões de meticais (2,8 mil milhões de euros) – incluindo 20,9 mil milhões de meticais (278 milhões de euros) de mais-valias resultantes da transferência indireta de 25% do interesse participativo na Área 4 da Bacia do Rovuma da Eni para a Exxonmobil. Por outro lado, a despesa total do Estado foi de 242 mil milhões de meticais (3,2 mil milhões de euros), 89% do orçamento anual, anunciou o Governo moçambicano.