O governo do Sri Lanka ordenou o bloqueio das redes sociais mais populares naquele país, na tentativa de impedir a propagação dos tumultos contra a minoria muçulmana e intercomunitários registados nos últimos dias, foi divulgado esta quarta-feira.

A medida surge um dia depois de o Sri Lanka ter decretado um estado de emergência de 10 dias em todo o país, na sequência desta vaga de violência que já causou pelo menos dois mortos.

A deliberação do estado de emergência, que não era utilizada há sete anos, coincide com a imposição na segunda-feira do recolher obrigatório na região turística de Kandy (centro do Sri Lanka) após a descoberta do corpo de um muçulmano nos escombros de um edifício ardido.

O bloqueio das redes sociais também coincide com o destacamento de milhares de polícias e de soldados para a região central, palco de violências desde o fim de semana, depois de na semana passada um cingalês budista ter sido alegadamente morto por um grupo de muçulmanos.

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Um representante de uma empresa de serviços de Internet, que falou sob a condição de anonimato e citado pela agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP), referiu que as autoridades do Sri Lanka ordenaram o bloqueio de diversas redes sociais ou serviços de mensagens instantâneas, incluindo Facebook, Instagram, Viber e WhatsApp, na zona centro onde foram registados os tumultos. O representante disse, no entanto, que vários utilizadores fora daquela região também não estão a conseguir aceder às redes sociais.

Centenas de muçulmanos residentes em Mullegama, uma localidade da região centro, refugiram-se neste dia dentro de uma mesquita local depois de uma multidão de budistas ter atacado as suas casas e de os ter acusado de ter roubado as doações de um templo nas imediações.

Pelo menos 20 casas de muçulmanos sofreram graves danos e uma casa com dois andares estava a ser a destruída pelas chamas, segundo o relato divulgado pela AP.

Os muçulmanos escondidos na mesquita, que também falaram sob a condição de anonimato por medo de represálias, afirmaram que a polícia os impediu de salvar os respetivos bens e que nada fez para impedir os atacantes.

Os cingaleses, maioritariamente budistas, constituem três quartos dos 21 milhões de habitantes da ilha do Sri Lanka, enquanto os muçulmanos representam cerca de 10% e os tamil, na maioria hindus, à volta de 18%.

Nos últimos anos, as tensões entre budistas e muçulmanos têm aumentado à medida que foram crescendo as organizações budistas extremistas. O Sri Lanka esteve sob estado de emergência durante quase três décadas antes da proclamação pelo governo em 2009 da sua vitória militar contra a rebelião tamil.