A Rússia vai responder de forma “recíproca” às expulsões de diplomatas russos por países da UE e outros ocidentais, como os Estados Unidos, anunciadas esta segunda-feira, mas a decisão final será adotada pelo Presidente Vladimir Putin, referiu o Kremlin.
“Temos de analisar a situação. O ministério dos Negócios Estrangeiros fará a sua análise e vão ser apresentadas propostas ao Presidente sobre as medidas de resposta. A decisão definitiva será adotada pelo chefe de Estado”, disse aos jornalistas o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. O mesmo responsável assinalou ainda que a Rússia vai aplicar “como sempre, o princípio da reciprocidade”.
Quem também já veio falar desta decisão foi a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova: “Theresa May foi à cimeira da UE pedir solidariedade… mas todos esqueceram que o reino Unido vai deixar a União Europeia, porque votou o ‘brexit’. Quer dizer, o Reino Unido exigiu solidariedade aos países que ficam na UE…, mas coloca uma mina nas ações a longo prazo de todos os países que comecem a adotar políticas antirrussas”, assinalou Maria Zakharova.
Em declarações à cadeia televisiva Rossia-1, Zakharova disse que, após ser conhecido o amplo número de diplomatas russos que vão ser expulsos de países ocidentais, “não existe a menor dúvida que na provocação que se organizou no território do Reino Unido [tentativa de assassinato do ex-espião Serguei Skripal e filha] estão forças poderosas que se encontram nos Estados Unidos e no Reino Unido”. “Atendendo ao que estamos a observar hoje, haverá resposta. Para cada país haverá a resposta correspondente”, atendendo ao número de diplomatas russos expulsos e outras medidas, acrescentou Zakharova.
A porta-voz voltou a reafirmar que Londres ainda não apresentou qualquer prova sobre este caso, incluindo aos restantes países da UE no decurso da cimeira de quinta-feira em Bruxelas, numa referência à tentativa de envenenamento com um gás neurotóxico de Skripal e de sua filha, que ocorreu em 4 de março em Salisbury (sudoeste de Inglaterra), e que Moscovo desmente. “Apenas houve exigências políticas, ‘slogans’ e apelos à solidariedade com a sua posição”, frisou. Para além do apoio político, os países da UE não têm a menor ideia sobre o que ocorreu em território britânico”, disse. Zakharova também lamentou que os países ocidentais tenham anunciado hoje estas medidas pelo “caso Skripal” em vez de transmitir à Rússia as suas condolências pelo terrível incêndio que arrasou um centro comercial na cidade siberiana de Kemerovo, com um balanço de 64 mortos e dezenas de feridos e desaparecidos.
Estas medidas foram tomadas após o Reino Unido ter designado Moscovo como responsável pelo envenenamento com um gás neurotóxico do ex-espião Serguei Skripal e de sua filha, que ocorreu a 4 de março em Salisbury (sudoeste de Inglaterra), e que Moscovo desmente. Londres expulsou de seguida 23 diplomatas russos, e após as sanções britânicas a Rússia reagiu e expulsou por sua vez 23 diplomatas britânicos e encerrou a delegação moscovita do British Council. Já esta segunda-feira, foi anunciado que mais de 100 funcionários russos colocados em embaixadas em países ocidentais vão ser expulsos nos próximos dias em resposta ao envenenamento Skripal.
Ao nível da União Europeia, a medida foi decidida pelos chefes de Estado ou Governo reunidos em cimeira na quinta-feira em Bruxelas, e após uma declaração que incriminava a Rússia. Numa ação coordenada, os Estados Unidos anunciaram a expulsão de 60 “espiões” russos. Na UE, 14 países adotaram a medida, com a Alemanha, França, Polónia e Canadá a expulsarem quatro cada cada, a República Checa e a Lituânia três, a Itália, a Holanda e a Dinamarca dois, a Finlândia e Estónia um. Os três restantes países serão a Roménia, Suécia e Croácia. Por sua vez, a Ucrânia decidiu ordenar a saída de 13 representantes russos. Portugal decidiu-se pela não expulsão.