Cinco anos depois, o Sporting mudou. Mudou, de forma radical, e voltou a aproximar-se daquilo que sempre foi até um período que teve como ponto mais baixo de crise a posição a meio da tabela classificativa na época de 2012/13. E mudou porque houve uma rutura total com o passado, quase numa espécie de fechar de ciclo geracional com aquilo que era visto como os últimos capítulos da era “Projeto Roquette”, que foi definhando com o passar dos anos, dos mandatos e da sucessão galopante de resultados negativos em termos futebolísticos e financeiros. De certa forma, todo esse período acabou por desviar o foco dos adeptos leoninos da génese desportiva da instituição. Cinco anos depois, vêem-se capítulos semelhantes ao que aconteceu em 2013: guerra aberta entre o presidente do Conselho Diretivo e o líder da Mesa da Assembleia Geral; assobios e manifestações de desagrado bem percetíveis para o número um; manobras preparatórias para outros cenários nos bastidores. Porquê?

“Bruno de Carvalho teve condições de governabilidade como mais ninguém teve nos últimos dez ou 15 anos, mas chegou a um ponto onde tudo o que fez no clube acaba por ser ultrapassado por tudo o que tem andado a dizer no Facebook e não só”, explica ao Observador um antigo dirigente verde e branco. Mas quer isso dizer que poderemos estar a falar de forma tão precoce em sucessão? “Não, nada disso. A dita oposição, como algo organizado para tentar chegar a esse ponto de fazer frente a Bruno de Carvalho, acha que existe mas na verdade pouco representa”. Se a troca de farpas entre o atual presidente da direção e Jaime Marta Soares, líder da Mesa da Assembleia Geral, se tornou num novelo onde é complicado encontrar a ponta, o futuro tem ainda muitos nós. O mais curioso é que, das muitas pessoas com quem o Observador foi falando ao longo do dia, houve uma ideia que se repetiu: a culpa deste choque é de Bruno de Carvalho… por ter na sua equipa Jaime Marta Soares.

Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares durante quase 40 anos, membro da Associação Nacional de Municípios e deputado da Assembleia da República durante sete legislaturas, Jaime Marta Soares chegou ao Sporting pela mão de Dias Ferreira em 2011, sendo um dos 50 eleitos para o Conselho Leonino num sufrágio para o órgão que teve um total de nove listas e 450 candidatos. O advogado acabou por ficar na terceira posição para o Conselho Diretivo, atrás de Godinho Lopes e Bruno de Carvalho e à frente de Pedro Baltazar e Sérgio Abrantes Mendes, mas o atual presidente da Liga de Bombeiros Portugueses integrou o órgão eleito por método de Hondt. Aí, segundo nos explicaram, Marta Soares teve sempre uma das posturas mais críticas em relação ao comportamento do atual presidente leonino no pós-eleições. Ainda assim, dois anos depois, Bruno de Carvalho deixou de contar com Eduardo Barroso e Daniel Sampaio nas suas listas (apesar de se manterem como apoiantes) e optou pelo antigo líder autárquico para a Mesa da Assembleia Geral, contra Tito Fontes (nome indicado por José Couceiro, o seu principal opositor em 2013) e Carlos Teixeira (candidato pela lista de Carlos Severino).

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A relação nem sempre foi perfeita, com Bruno de Carvalho a não gostar do tom “paternal” que Marta Soares utilizava em algumas intervenções públicas e Marta Soares a não gostar de algumas decisões que lhe iam passando ao lado; contudo, assente no respeito institucional, era boa. Entre esses pequenos atritos, e até porque o único caso que teve algum abalo na vigência do atual líder verde e branco foi a guerra com Marco Silva em 2014/15, o primeiro grande choque surgiu apenas em 2018, na primeira Assembleia Geral que se realizou em fevereiro: logo no início, Bruno de Carvalho percebeu que a Mesa tinha falhado por completo a preparação logística de uma reunião magna que teria muito mais sócios do que habitual pelo tema em causa (alteração dos estatutos e novo regulamento disciplinar), chegando a “ajudar” na orientação de associados para a acreditação; depois, pela forma como deixou os trabalhos decorrerem com alegados insultos a membros do Conselho Diretivo antes da suspensão dos mesmos.

Desfeito o tabu: Bruno de Carvalho leva futuro no Sporting a AG marcada para dia 17

“Foram entregues à MAG três requerimentos para não serem votados os pontos 6 e 7. Disseram que necessitava de um amplo debate… O tal velho hábito do antigamente de ter de ir primeiro pedir autorização aos grupos e grupinhos do clube. Comigo isso não cola. Esses requerimentos deviam ter sido imediatamente recusados pela MAG, pois a AG foi devidamente marcada e cumpridos todos os preceitos legais, sem que essa decisão tivesse de ser votada. Mas erradamente colocaram a votos a decisão da MAG de recusar os requerimentos. Aqui começou o fim da AG”, disse Bruno de Carvalho, que criticou ainda o porquê da não expulsão de quem estava a insultar.

Jaime Marta Soares ficou incomodado com as críticas via Facebook mas acabou por admitir que as coisas podiam ter sido diferentes e desdobrou-se em reuniões para que tudo funcionasse na perfeição na Assembleia Geral seguinte, já em março, no Pavilhão João Rocha (e no Multidesportivo, aqui por vídeo-conferência, porque a lotação estava esgotada na nova casa das modalidades). Antes, durante e depois, elogiou Bruno de Carvalho e a sua liderança. Mas, no seguimento de uma crise iniciada pelas críticas do presidente leonino a alguns jogadores após a derrota da equipa verde e branca em Madrid, acabou por ter uma postura ziguezagueante, com o epílogo ainda por conhecer.

Entre a Nascente, a Poente, a Central e a Sul, qual é o norte do Sporting para o futuro?

“Estou atento ao que se está a passar, estou a falar com muitas pessoas que são do Sporting e com responsabilidades. Quero ter uma conversa com o presidente, ao nível do que temos tido sempre nestes anos, uma conversa franca, leal e aberta, e depois tomarei a atitude que achar mais conveniente”, disse Marta Soares na sexta-feira. “Quero saudar os jogadores e a equipa técnica pelo sentido de responsabilidade que demonstraram em todo o processo e pela serenidade com que enfrentaram todo este problema em prol do Sporting.

Tivemos uma longa conversa e estou certo que vamos ultrapassar esta situação. Não mais permitirei que algo assim se repita”, atirou no sábado, sem mencionar a figura de Bruno de Carvalho que, apesar de tudo, levantou a suspensão dos jogadores que tinha anunciado na véspera. Sinal da quebra de ligação? Parecia que sim, mas o líder da Mesa da Assembleia Geral falou com Bruno de Carvalho e, entre conversas, nunca colocou em causa a legitimidade para prosseguir o seu mandato e aproveitou também para lhe desejar sorte no nascimento da filha. Ao final da noite, ficou na Tribuna a aplaudir de pé os jogadores enquanto os mesmos deram uma volta olímpica em Alvalade.

Um corte abrupto de relações, via Facebook e diretos na rádio

Perante este cenário, as declarações de Jaime Marte Soares à TSF esta manhã de segunda-feira, fazendo quase uma espécie de ultimato a Bruno de Carvalho, acabaram por ser uma “bomba” que, de acordo com as fontes contactadas, só se poderá perceber pelo desagrado após o comunicado publicado horas antes da receção ao P. Ferreira e que foi extensível a outros momentos dos órgãos sociais (Jorge Gaspar, vogal do Conselho Fiscal e Disciplinar, apresentou antes a demissão, mas outros dirigentes ponderaram renunciar aos seus lugares).

“Com Bruno de Carvalho não há paz no Sporting. Os sócios deram o sinal e disseram aquilo que querem. Os clubes ficam, as pessoas passam e o que têm a fazer é deixar história do seu passado, e Bruno de Carvalho deixa, mas isso não lhes dá o direito de pensarem que o clube é propriedade de alguém a não ser dos sócios. Ninguém pode pensar de outra forma, a partir do momento que se tem outra interpretação não se está a respeitar o que é o desejo de todos. Por isso, na minha opinião, estão esgotadas as hipóteses de manutenção da atual presidência, para o Sporting retomar a paz que se impõe e se deseja. O tempo urge, não há tempo a esperar, e espero que ele [Bruno de Carvalho] tenha consciência disso”, anunciou Jaime Marta Soares, numa espécie de “demita-se ou será demitido”.

Bruno de Carvalho contra-ataca: contesta Marta Soares e pede reunião da Assembleia Geral

“O Dr. Jaime Soares criou a maior confusão vista na história do Sporting, ao conduzir, de forma infantil e incompetente, uma AG. Com essa sua atuação, provocou a necessidade na Direção de fazer uma nova AG. E eu a vir a público defender um homem que não tem defesa possível. Este foco de problemas vem agora ameaçar-me. Tinha avisado que mais uma dele e quem pediria a sua saída seria eu e não apenas os sócios, como o fizeram, de forma esmagadora, só o mantendo porque eu o pedi. Escusa de reunir a MAG que, diga-se, nunca se reviu nele nem esteve a seu lado, pois serei eu a pedir novamente à Direção para se fazer uma AG para os sócios se voltarem a pronunciar sobre nós e, separadamente, sobre os presidentes da MAG e do CFD. Se os sócios não tiverem a memória curta, sairá pela porta pequena como em Poiares”, respondeu Bruno de Carvalho no Facebook.

De seguida, de novo através de uma rádio (de Poiares), Jaime Marta Soares respondeu à parte da publicação em que foi invocada a Câmara Municipal que liderou durante vários anos: “Meter o nome da minha terra no meio de uma situação destas… O Bruno de Carvalho pensava que era tudo à maneira dele e que ele é que mandava. Ontem [domingo] viu que não é assim, o Sporting está acima de todos. Vamos fazer aquilo que os estatutos definem. É isso que vamos respeitar”. De seguida, de novo através do Facebook, Bruno de Carvalho anunciou que fecharia a sua página mas acrescentou mais um ponto à novela: “A vida tem coisas engraçadas! Ontem [Domingo], o Jaime Soares dava-me palmadinhas nas costas, desejava-me as melhoras e que hoje fosse um dia muito bom para mim e para a ‘Joaninha’. De repente, o poder caiu na rua e já veio atraiçoar quem sempre o defendeu. E colocou em perigo coisas importantíssimas da SAD“.

Os opositores que falam e uma oposição que está nos bastidores

Bruno de Carvalho sabia do que falava quando disse que “a oposição de 10%”, que entretanto pode ser mais do que a oposição de 10%, fez um bom trabalho na receção do Sporting ao P. Ferreira em Alvalade. Inclusive, na conferência após o jogo, descreveu mesmo um grupinho na bancada nascente “que tem um estilo mais trauliteiro”. Durante o dia, circulou também uma foto de um adepto, devidamente equipado, a entregar lenços de papel na bancada. Mas a real dimensão dos sócios que poderão assumir-se contra Bruno de Carvalho mede-se a outro nível.

O dia em que um jogo de futebol se jogou sem bola nas bancadas (a crónica do Sporting-P. Ferreira)

“Vejo com agrado que agora são muitos e cada vez mais os que dizem o que eu tenho dito há muito tempo… mas agora acabou o tempo das palavras e é hora de agir”, destacou Pedro Madeira Rodrigues, candidato derrotado em 2017. “O Sporting não pode ser gerido por um ditador e devia demitir-se para bem do clube. Que seja uma lição para os sócios. Em relação a Bruno de Carvalho, precisa de descansar e mostra-se nitidamente afetado”, comentou Carlos Severino, candidato que esteve nas eleições de 2013. “Bruno de Carvalho vai requerer a assembleia e vai outra vez chamar a guarda pretoriana, como é hábito, no sentido de não deixar que as coisas decorram na sua totalidade ordem pública. É isso que vai acontecer. Ele não vai abandonar, porque Bruno de Carvalho tem um problema de personalidade. É um homem que, neste momento, precisa de muita ajuda”, referiu Sérgio Abrantes Mendes, antigo presidente da Mesa da Assembleia Geral e ex-candidato nos sufrágios de 2006 e 2011.

“Ditador”, “autista”, “problema”. Como a oposição vê Bruno de Carvalho e prepara reação

Numa lógica diferente, de quem reconhece todo um trabalho feito durante cinco anos mas que nesta altura deve ter uma pausa (temporária ou definitiva?), Dias Ferreira, ex-presidente da Mesa da Assembleia Geral e ex-vice da direção que também foi candidato nas eleições de 2011, referiu que “existe algum autismo” por parte do presidente do Sporting. “Tenho alguma dificuldade em avaliar todo o problema. Neste momento não consigo compreender a intenção de Bruno de Carvalho. Estamos a assistir a um exemplo típico de uma coisa que leva muito tempo a construir e que em horas se destrói. Nada me levava a pensar numa situação destas”, defendeu.

Ainda assim, segundo foi sabendo o Observador, as maiores movimentações foram feitas nos bastidores e sem intervenções públicas, com uma série de reuniões e contactos para aferir a possibilidade de haver, ou não, um movimento capaz de poder colocar em causa o trabalho de Bruno de Carvalho nos últimos cinco anos. Ideias, todos têm. Candidato? Nem por isso. E por variadas razões, esse poderá ser o problema: encontrar alguém que não esteja muito ligado ao período que antecedeu à ascensão do atual presidente à liderança mas que, em paralelo, seja uma cara com o carisma e notoriedade suficientes para ter condições de lutar de forma real por um triunfo num cenário de eleições, sejam elas para já, daqui a um ano ou no final do atual mandato, em 2021.

Olhando meramente no plano teórico, sem que com isso queiram ou estejam a preparar uma eventual candidatura, existem alguns nomes sempre ventilados. Rogério Alves, antigo Bastonário da Ordem dos Advogados e presidente da Mesa da Assembleia Geral que mereceu reparos em relação à sua conduta na última Assembleia Geral (“Se quer ser candidato, que se assuma de uma vez”, disse o líder), costuma surgir sempre na órbita do universo verde e branco. Mais recentemente, sem que alguma vez tenha declarado que era sua intenção avançar com uma lista, João Benedito, antigo jogador e capitão de futsal durante duas décadas que acabou por tornar-se num símbolo leonino, também foi surgindo nas conversas. E existem sempre outros “grupos” ou movimentos que, com ou sem candidato, conseguem ter o seu peso, maior ou menos, em termos eleitorais (algo que não se viu em 2017 porque Pedro Madeira Rodrigues acabou por surgir de uma esfera distinta de todas as que foram supracitadas).

Os negócios de Roquette, o sonho de Rogério Alves e o legado de João Rocha: Bruno de Carvalho abre AG ao ataque

Num outro plano, neste caso mais focado na SAD e não no clube, mas sendo algo que “pressiona” mais Bruno de Carvalho, a Holdimo, principal acionista além do Sporting com cerca de 30% do capital social, estará a tentar marcar uma reunião de emergência entre os administradores da sociedade e uma Assembleia Geral para debater a atual crise que assola o futebol do Sporting. A ideia terá partido de Álvaro Sobrinho, empresário que esteve próximo do presidente verde e branco no início do seu primeiro mandato mas que, com o tempo, se foi distanciando, por divergências em torno de matérias como o aumento do capital social da SAD. Acrescente-se que uma coisa é a SAD e outra é o clube, pelo que, neste caso, a posição de Bruno de Carvalho no Sporting não mudava.

“É necessário debater e resolver os problemas internos do clube em sede de uma Assembleia Geral da SAD”, defendeu a Holdimo em comunicado, numa decisão assente “nas consequências financeiras e no potencial prejuízoda atual clivagem no clube para os ativos da sociedade”, entre outras.”As ações da Sporting SAD estão suspensas da negociação bolsista, pela segunda sessão consecutiva, em consequência de quebras de cotação superiores a 30 por cento (…) O debate público sobre questões internas tem contribuído para uma exposição que é absolutamente dispensável e atentatória da melhor tradição da marca Sporting. As relações humanas têm momentos de tensão que temos de saber gerir com a maior ponderação, discrição e bom senso”, explica a missiva.

Uma coisa é certa: ninguém irá fazer nada a não ser que exista um cenário mais ou menos definido em relação aos próximos capítulos. Um exemplo prático de algo que corre mal? Falar em nomes de jogadores em vésperas de eleições. Corre sempre mal, retira automaticamente capital aos olhos de quem vota: os sócios. Por isso, tudo será mantido em segredo e sem avanços. Até porque reconhecem que, no limite, tudo pode não passar de um momento conturbado.

Os sete anos que deram sete vidas a Bruno de Carvalho

Rui Rigueiro, que é comentador da Sporting TV, escreveu esta segunda-feira um texto que resume o sentimento de todos aqueles que mostraram o seu desagrado (porque também houve) pelas manifestações anti-Bruno de Carvalho no encontro com o P. Ferreira. E, em poucas linhas, resumiu o “capital” que, em termos internos, o atual presidente ainda beneficia. “Se ou quando Bruno de Carvalho deixar de ser presidente, quem vier a seguir encontrará o seguinte no clube: 170 mil sócios; um clube mais rico em património; um contrato de direitos televisivos superior a 500 milhões de euros e que entrou em vigor este ano; equilíbrio orçamental conseguido na diferença compras/vendas; 55 modalidades que precisam de ser bem tratadas e acarinhadas, sendo que na esmagadora maioria estamos na liderança; uma SAD com lucros sistemáticos e redução de passivo; um conjunto de lojas e pontos de venda comerciais para maior alcance da marca; um pavilhão que é apenas o maior e melhor dos clubes nacionais (…) Por isso, quem vier a seguir não terá um décimo do trabalho que Bruno de Carvalho teve”.

São poucos, pouquíssimos, os apoiantes de Bruno de Carvalho que não consideram ter havido precipitação por parte do presidente do Sporting na abordagem aos jogadores após a derrota de Madrid (da mesma forma como também não gostaram da forma como o plantel reagiu). E que até admitem que o líder tem revelado alguns sinais de desgaste nos últimos tempos que “ajudam” à construção da ideia de fim de ciclo. No entanto, acreditam que o atual líder tem todas as condições para continuar o seu projeto caso tome algumas medidas a breve e médio prazo. Uma, por exemplo, foi comunicada pelo próprio antes de ser pai: vai deixar de vez a sua página oficial de Facebook.

Bruno de Carvalho anuncia afastamento da conta de Facebook

“Falei com ele há horas para saber se tinha nascido a filha e se estava tudo bem, porque há um ser humano, um homem que está a ser linchado e que está, como se diz em inglês, em burnout, num stress brutal. E disse-me que ia acabar com o Facebook para sempre. Disse-me que era definitivo e essa é a condição fundamental para conseguir ter condições para continuar a ser presidente do Sporting. Repugna-me que, quem não conseguiu ganhar as eleições, tem tempo de antena. Que não se aproveite este tempo para linchar o Bruno de Carvalho. Ele teve milhares e milhares de votos a favor. Quem me diz que ele não voltaria a ganhar com uma maioria larga? Estou a dar a cara por ele, mas não me sirvo desta crise para ir contra ele”, frisou Eduardo Barroso, à tarde, na SIC Notícias.

Numa espécie de introspeção a tudo o que se tem passado, Bruno de Carvalho, que foi pai de Leonor ao final da noite, considera que a imagem que passa na opinião pública e na comunicação social não reflete em nada o que se passa num possível contexto de Assembleia Geral ou de eleições. E está apostado em acabar o mandato, atingindo ainda alguns objetivos que lhe têm falado como a conquista do Campeonato de futebol. Por isso mesmo, é certo que não se vai demitir. E, caso exista mesmo uma reunião magna, defenderá todo o trabalho que tem para apresentar perante “a ingratidão e a memória curta”. “As Assembleias Gerais, os debates e o confronto trazem o melhor dele ao de cima”, diz-nos uma fonte próxima. No entanto, “é muito improvável que haja um Bruno de Carvalho como o Bruno de Carvalho até aqui”.

Bruno de Carvalho: “Se querem a minha demissão há um sítio próprio”

A certeza de que Bruno de Carvalho não se demitiria acabou por ser mais um dado tido em conta na reunião que houve esta segunda-feira em Alvalade entre os membros da Mesa da Assembleia Geral do clube. Pelo que soube o Observador, Jaime Marta Soares, que teve um dia de loucos face à “pressão” criada após as palavras que teve esta manhã na TSF, ainda quer amadurecer uma decisão final em relação aos caminhos a seguir nos próximos dias, com dois cenários em cima da mesa que ganharam força: ou a convocação de uma Assembleia Geral, seguindo aquilo que anunciara durante o dia, ou a hipótese de haver uma outra solução “provisória” durante esta fase.

Entre a Nascente, a Poente, a Central e a Sul, qual é o norte do Sporting para o futuro?