Foi um Bruno de Carvalho pouco sorridente — e fisicamente debilitado — que surgiu esta noite na conferência de imprensa depois da vitória do Sporting com o Paços de Ferreira por 2-0. O presidente do Sporting respondeu a várias perguntas dos jornalistas sobre a atual crise no Sporting e comentou os pedidos de demissão e insultos que ouviu de adeptos do clube que preside: “Se querem a minha demissão há um sítio próprio”, disse, lembrando que tem mais três anos de mandato.

Dentro do Sporting, ninguém me falta ao respeito”, disse Bruno de Carvalho, abordando depois um cântico insultuoso entoado por alguns adeptos: “Não andei na escola com as pessoas, peço-lhes que vão chamar nomes às famílias deles. Assobios sim, sempre que quiserem. As pessoas são livres de pensarem, de se exprimirem e de serem ingratas”

“O Sporting é pródigo nisto. Esta ingratidão e memória curta fazem parte do Sporting e da cultura do Sporting”, prosseguiu Bruno de Carvalho, acrescentou logo: “Tenho a certeza que a maior parte das pessoas [que assobiou e pediu a demissão] ainda não leu o meu último post. As pessoas vão muito cedo para as roulottes, divertir-se… Mas por mim está tudo bem menos chamarem nomes.”

Tenho de dar liberdade às pessoas mas não vou garantidamente voltar a sofrer calado aquilo que passei durante um ano [com Marco Silva]. As pessoas no Sporting podem não querer saber as coisas, é um direito que lhes assiste. Agora eu enquanto achar como presidente que as pessoas devem estar informadas, continuarei a informar.”

O presidente leonino, que agastado com as críticas anunciou sem grande expressividade que ia “ser pai amanhã [segunda-feira]”, comentou ainda a situação de Fábio Coentrão, que se disse ter sido dispensado por ordem direta do presidente do Sporting (regressando assim mais cedo ao Real Madrid, clube que o emprestou ao Sporting até final da temporada). Já este domingo, o jornal A Bola noticiou que os jogadores leoninos tinham exigido a continuação do lateral. “A situação é igual à dos outros. Tirando isso, é fim de semana, existem decisões e existe uma pessoa da administração que não está cá. A diferença horária é o que é e temos de nos sentar e falar sobre alguns assuntos. Estão todos na mesma situação, com processo [disciplinar], jogaram, ganharam”.

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Houve uma tentativa de “colocar sportinguistas contra” si, disse Bruno de Carvalho. “Os grandes instigadores daquilo que aconteceu são os mesmos grupinhos de sempre. Organizaram aquela oposição que representa 10%”, apontou ainda, atirando uma farpa que pode ter sido direcionada aos jogadores e/ou ao treinador: “Serei sempre do Sporting, nunca representarei mais ninguém na vida. Tirem daí as conclusões que quiserem.”

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O presidente do Sporting queixou-se ainda de falta de solidariedade dos restantes órgãos sociais: “Infelizmente neste clube as pessoas em vez de estarem preocupadas com o seu trabalho estão preocupadas em comentar o trabalho dos outros. Falo de dentro do Sporting. Tomar decisões já é difícil, estar a ser massacrado por pessoas de outros órgãos sociais ainda o torna mais difícil”.