O primeiro-ministro arménio, Serge Sarkissian, apresentou esta segunda-feira a demissão na sequência dos protestos antigovernamentais que decorrem há 11 dias consecutivos nesta ex-república soviética do Cáucaso, declarou a agência noticiosa local Armenpress.
“Deixo o cargo de dirigente do país”, declarou Serge Sarkissian, segundo o seu serviço de imprensa, citado pela agência. O chefe da contestação e deputado “Nikol Pachinian tinha razão. E eu enganei-me”, acrescentou Sarkissian, que se fez recentemente designar primeiro-ministro, após ter ocupado dez anos a presidência da Arménia.
A decisão de Sarkissian ocorreu pouco após a libertação do líder da contestação antigovernamental na Arménia, detido no domingo durante uma manifestação na capital.
Rodeado de apoiantes que brandiam bandeiras arménias, Pachinian juntou-se a milhares de pessoas que desfilavam em protesto contra a recente nomeação do ex-presidente Serge Sarkissian para o cargo de primeiro-ministro, segundo as imagens. Os manifestantes acusavam Serge Sarkissian de pretender manter-se de forma vitalícia no poder.
O ex-presidente terminou o seu segundo mandato e conseguiu manter-se no poder ao ser eleito na terça-feira primeiro-ministro pelo parlamento, após uma controversa revisão constitucional que retirou poderes ao chefe de Estado e reforçou as atribuições do Executivo.
A designação de Serge Sarkissian segue-se à tomada de posse, em 9 de abril, do novo Presidente arménio Armen Sarkissian, com o mesmo nome de família do seu antecessor, mas sem ligações de parentesco. Armen Sarkissian, 64 anos, prestou juramento perante o parlamento deste pequeno país do Cáucaso, após ter sido eleito pelos deputados para a chefia do Estado no início de março.
Por sua vez, Serge Sarkissian, antigo oficial do exército e considerado “pró-russo”, ocupava o cargo de presidente desde 2008, após as funções de primeiro-ministro em 2007-2008. A sua primeira vitória presidencial originou confrontos entre manifestantes e forças policiais que provocaram dez mortos. Em 2013 garantiu um segundo mandato.
Desde 13 de abril que decorriam protestos em Ierevan, para denunciar a intenção do antigo presidente de permanecer no poder. Na segunda-feira passada, dezenas de pessoas ficaram feridas durante novos confrontos entre a polícia e manifestantes.
Os últimos grandes protestos na Arménia remontam a julho de 2016, quando opositores que exigiam a demissão do governo fizeram diversos reféns numa esquadra policial em Ierevan. Os apoiantes desta ação envolveram-se na ocasião em violentos confrontos com as forças policiais.